Homilia do Padre Françoá Costa – XXII Domingo do Tempo Comum – Ano B

Valorizando o interior do homem

 

“É do interior dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez” (Mc 7,21-22). Como é importante, portanto, purificar o coração. Caso não cuidemos o nosso coração, ele poderia endurecer e Jesus nos diria, com razão, que nós pensamos diferente dele “devido à dureza do vosso coração” (Mc 10,5). A tradição cristã sempre gostou de resumir a atitude que devemos ter para com o Espírito Santo numa só palavra: docilidade! Um coração dócil sempre recebe com alegria a mensagem de Jesus e de sua Igreja, produzindo frutos abundantes.

Já no Antigo Testamento, o Espírito Santo havia dito por boca do salmista: “Não endureçais o vosso coração” (Sal 94,8). Poderia acontecer também que tivéssemos – em lugar de um coração endurecido – um coração mole. Quanto se diz que uma pessoa é toda coração ou que ela é “boazinha” demais, no fundo o que se quer dizer é que essa pessoa tem um caráter débil ou, com outras palavras, é uma pessoa sem caráter. O cristão foge destes dois extremos: coração endurecido, coração molenga.

Há pessoas que se dizem a favor do divórcio porque “já é normal, ninguém liga mais para isso”, outras dizem que são a favor das relações pré-matrimoniais porque “já é normal, todo mundo faz”; outras ainda são a favor do aborto porque “já é normal, estamos num mundo moderno”, outras se dizem a favor da legalização dos “casamentos” de pessoas do mesmo sexo porque “já é normal, os países modernos já não põem barreiras” etc. Estes são alguns exemplos ou da falta de conhecimento ou do endurecimento do coração.

Jesus continua a recordar-nos que “no começo não foi assim” (Mt 19,8), isto é, no plano originário de Deus não foi assim, não é assim e não pode ser assim!

Frequentemente, antes desse estado de endurecimento do coração encontra-se uma disposição que provém da falta de ideias claras e de critérios retos. Daí a importância da formação do coração. A Igreja Católica quer formar; ela não quer impor nada a ninguém, o que ela faz é propor a verdade… Aceita quem quer! Contudo, está em jogo a própria felicidade terrena e eterna. Você decide!

O coração humano tem que formar-se no Coração de Cristo. Nós, cristãos, precisamos mostrar aos nossos contemporâneos o Homem perfeito e Deus perfeito, Jesus Cristo. Não mostraremos uma caricatura de “deus”: o cristianismo sempre apresentou o “Cristo crucificado (…), força de Deus e sabedoria de Deus” (1 Cor 1,23-24).

Um coração dócil – sinônimo de pessoa dócil – é aquele que se encontra aberto à verdade, ao bem, à beleza. Encontra-se aberto, portanto, a Deus: verdade, bondade e beleza eterna. Essa abertura verdadeira a Deus nos pedirá uma mudança, uma conversão constante. No caso do cristão, é necessário que o seu coração esteja crucificado com Cristo para com ele ressuscitar. Para viver na verdade de Deus é importante que adaptemos nossa vida à sua verdade, posto que o contrário não acontece: Deus não pode mudar a sua verdade, que é ele mesmo, por causa da nossa mentira. Deus não se engana nem nos engana!

Peçamos a Nossa Senhora, Virgem fiel, que nos faça sinceros, dóceis, alegres e cheios de paz. Desta maneira passaremos por esse mundo mostrando as rosas maravilhosas que tem o cristianismo, ainda que sintamos os espinhos das mesmas penetrando a nossa carne. Cristianismo sem cruz é ilusão, não existe!

Vinde Espírito Santo e fazei que apreciemos retamente todas as coisas!

O Evangelho: nem moderno demais, nem velho demais; simplesmente perene!

 

Pe. Françoá Costa

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