Homilia do Pe. Françoá Costa – V Domingo da Páscoa – Ano B

Crescer devagar, porém sempre!

 

Essa é uma das leis de vida nesta terra: sempre estamos nos desenvolvendo! Em efeito, todos os viventes estão em constante crescimento até o momento cume da própria vida, depois começa a senectude que, pouco a pouco, vai levando as nossas forças. Contudo, enquanto estivermos bem pegados à raiz da vida, estaremos aqui com os nossos amigos e companheiros celebrando a vida e tantas coisas boas que ela nos oferece.  Também é verdade: bem unidos a Jesus, conservaremos sempre a jovialidade do nosso existir cristão.

Faz tempo, um padre, amigo meu, ligava e dizia-me que estava com a minha cruz. O que acontece é que eu uso uma pequena cruz quando estou no confessionário. Chamou-me a atenção a maneira como ele se expressou e começamos a brincar. Dizia eu: – “eu esqueci a minha cruz, a deixei com você. É uma pequena, não é” Disse-me ele: – “ainda bem que é a pequena”.

Eu fiquei pensando depois como é bom ter um irmão que nos ajuda a carregar a cruz, nem que seja a pequena: é ótimo ter alguém que nos ajude! “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade” (1 Jo 3,18). Amamos por atos e em verdade quando as nossas palavras são vivas, são vida; explicam aquilo que fazemos ao mesmo tempo em que as ações mostram aquilo que falamos. A coerência… como falta na nossa vida de cristãos! Um discípulo de Cristo tem que semear a paz, o amor, a alegria por onde passa; um discípulo de Cristo por vezes incomodará, é normal! A sua vida santa será para muitos um martelo na própria consciência.

Para que possamos viver assim, tão fiéis a Cristo, é necessário que estejamos muito unidos a ele. “Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Nós somos os ramos na videira. Isso significa que não temos vida por nós mesmos, a temos daquele que é a Vida, a seiva nos vem da videira, que é Cristo. A graça é o que nos vivifica, que nos anima e nos capacita para que possamos dar frutos de vida eterna. SEM JESUS NÃO PODEMOS FAZER NADA. Seríamos inúteis, sobrenaturalmente falando, sem a graça que nos vem do alto. Se não estivéssemos unidos ao Senhor, seríamos ineficazes, já que toda a nossa eficácia vem de Deus.

Nós precisamos dar frutos. Quais São Paulo escreve aos gálatas falando da diferença das obras da carne e dos frutos do Espírito; “as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. […] os que as praticarem não herdarão o Reino dos céus!” (Gl 5,19-21). Continua o mesmo apóstolo: “o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22-23). Como são contrárias as obras da carne dos frutos do Espírito! As primeiras são para escravizar-nos, trazem a infelicidade, ainda que no começo pareçam dar a felicidade. Enganam-se aqueles que pensam assim! Apenas por um momento trazem algum prazer, depois… O que fica senão a dor de consciência, a angústia, a escravidão no vício, a infelicidade? Os frutos do Espírito Santo aparecem em todo bom cristão consciente de sua vocação à santidade e que se esforça para estar unido ao Senhor. A nossa vida será muito mais saborosa com esses frutos de caridade, paz, alegria etc. Como as pessoas desejam a paz, desejam ser alegres, desejam a felicidade! O problema é que vão buscar tudo isso em “outras árvores” que não são videiras verdadeiras. Jesus é a verdadeira videira, para dar bons frutos que sirvam para a vida eterna é preciso estar unido a ele.

A paciência é uma virtude importante na vida espiritual. Não esperemos que uma semente de abacate plantada ontem venha a florescer e produzir abacates hoje. Não podemos entregar-nos ao desalento na vida interior. Precisamos lutar para viver o plano de Deus nas nossas vidas. Se quisermos produzir frutos para a vida eterna é preciso que sejamos podados, que recebamos o adubo; que resistamos a várias temperaturas, a aridez do vento, as chuvas torrenciais e o sol que chega a queimar. Virá a primavera, sairão as folhas e as flores, virão os frutos. Só quem persevera até o fim receberá a salvação, isto é, quem permanece no Senhor.

Pe. Françoá Costa

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