Carta do Cardeal D. Cláudio Hummes – Congregatio Pro Clericis

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Do Vaticano, 3 de abril de 2009

Prot. N. 20090980

Eminência/Excelência Reverendíssima,

Na Audiência concedida no dia 16 de março aos Membros desta Congregação, reunidos em Assembléia Plenária, o Santo Padre Benedito XVI “visando a favorecer a tensão dos Sacerdotes para a perfeição espiritual da qual sobretudo depende a eficácia do seu ministério” teve a amabilidade de anunciar um especial “Ano Sacerdotal”, que terá início no dia 19 de junho próximo, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, para se concluir na mesma data do ano 2010. Comemora-se, de fato, o 150º aniversário da morte do Santo Cura de Ars, João Maria Vianney, verdadeiro exemplo de Pastor a serviço do rebanho de Cristo (cf. Alocução do Santo Padre).

O Ano Sacerdotal representa assim importante oportunidade para olharmos uma vez mais com grata admiração para a obra do Senhor que, “na noite em que foi traído” (1 Cor 11, 23), quis instituir o Sacerdócio ministerial, vinculando-o imprescindívelmente à Eucaristia, ápice e fonte de vida para toda a Igreja. Será, então, um Ano em que se pretende redescobrir a beleza e a importância do Sacerdócio e de cada um dos ordenados, sensibilizando para isso todo o povo santo de Deus: os consagrados e as consagradas, as famílias cristãs, os sofredores e principalmente os jovens, tão sensíveis aos grandes ideais vividos com renovado impulso e constante fidelidade.

Neste sentido se orienta também o título, muito bem escolhido pelo Santo Padre para o mencionado Ano: “Fidelidade de Cristo, fidelidade do Sacerdote”, indicando a primazia absoluta da graça, “Nós amamos porque Deus nos amou primeiro” (1 João 4,19) e, ao mesmo tempo, a indispensável e sincera adesão da liberdade amante, sempre lembrando que o nome do amor, no tempo, é: fidelidade”!

Como Vossa Eminência/Excelência poderá constatar, trata-se de uma importante oportunidade de aprofundamento teológico-espiritual e de missão pastoral; fecunda, antes de tudo, para os próprios Sacerdotes, chamados a renovar a consciência da própria identidade e, consequentemente, a revigorar a tensão missionária que surge da intimidade divina, do “estar” com o Senhor. Fecundidade pastoral que se amplia em todos os âmbitos e pessoas da Igreja, com uma atenção especial para a indispensável e prioritária promoção das vocações para o ministério ordenado.

O Ano Sacerdotal será aberto na próxima Solenidade do Sagrado Coração de Jesus na Basílica Papal de São Pedro, no Vaticano, com a celebração das Vésperas presidida pelo Santo Padre. Nessa ocasião, será trazida de Ars a Roma, a relíquia do coração de São João Maria Vianney, coração que palpitou ao uníssono com o Divino Coração do Bom Pastor. Seria significativo se fosse programada uma celebração análoga em cada Catedral ou Santuário ou igreja significativa para cada Circunscrição eclesiástica, com os Sacerdotes e os fiéis que quiserem unir-se àquela oração.

Durante o Ano, de vez em vez, mediante os comuns meios de comunicação, e principalmente através do Site Internet desta Congregação (www.clerus.org), serão comunicados os eventos e oferecidos os subsídios úteis para reuniões, retiros espirituais, momentos de oração, congressos e qualquer outra iniciativa que a justa criatividade pastoral queira programar.

Trata-se de um evento não espetacular, mas que desejaríamos que fosse vivido sobretudo como renovação interior na redescoberta feliz da própria identidade, da fraternidade do próprio presbitério e da relação sacramental com o próprio Bispo. As iniciativas deverão ser tomadas principalmente em cada Circunscrição eclesiástica e nos respectivos Institutos Religiosos. Neste sentido será oportuno reservar uma justa visibilidade ao Ano Sacerdotal através dos meios de comunicação social, sobretudo católicos, cuidando atentamente que sempre seja dada uma interpretação correta e não parcial.

Além dos Presbitérios, dos Sacerdote e das Paróquias, será oportuno envolver os âmbitos da de formação sacerdotal, as Associações e os Movimentos, tão ricos de presenças juvenis, as Escolas católicas, de todas as ordens e graus, os Mosteiros, os Institutos de Vida Consagrada e todas as realidades autenticamente eclesiásticas, as quais poderão oferecer, segundo a própria condição e o próprio carisma, uma válida contribuição ao Ano Sacerdotal. O Ano irá concluir-se com um Dia Mundial para os Sacerdotes, cujo ápice será em Roma na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus em 2010, com o Santo Padre.

No acima mencionado discurso o Santo Padre lembrou que é “urgente também a recuperação desta consciência que impele os sacerdotes a estar presentes e ser identificáveis e reconhecíveis quer pelo juízo de fé, quer pelas virtudes pessoais, quer também pela veste eclesiástica, nos âmbitos da cultura e da caridade, desde sempre no coração da missão da Igreja”. Neste sentido o auspício é que se cuide de sua “presença” em todos os âmbitos da missão da Igreja, mesmo indo ao encontro daqueles que, apesar de batizados, ainda não foram suficientemente evangelizados.

Estamos certos de que Vossa Eminência/Excelência não deixará de realizar, no sincero espírito de fraternidade colegial, todas as iniciativas oportunas a favorecerem a mais motivada e fecunda celebração do Ano Sacerdotal. Desejo aproveitar a oportunidade para renovar os sentimentos de distinto obséquio e me confirmar

de Vossa Eminência/Excelência Reverendíssima
devotadíssimo no Senhor

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