Homilia do Pe. Françoá Costa – Assunção de Nossa Senhora

Assunção de Nossa Senhora

Depois de ter sido ordenado diácono, um amigo meu foi pregar sobre Nossa Senhora e disse uma coisa muito curiosa: “A Nossa Senhora lhe chamam porta do céu e muitas outras coisas, eu vou chamá-la ‘janela’. Maria é a janela. Conta-se que certa vez São Pedro foi chamado à atenção por Nosso Senhor porque estavam entrando muitas pessoas pela porta do céu. Jesus lhe disse: ‘Pedro, é preciso ser um pouco mais rigoroso’. São Pedro respondeu: ‘Senhor, não adianta. Eu posso até ser rigoroso aqui na porta do céu, mas a tua mãe abre a janela e muitos estão passando por ela’”.

É uma grande alegria contemplar Nossa Senhora subindo ao céu. Ela, sendo porta do céu, está disposta a abri-nos também a janela do céu, contanto que lhe sejamos devotos. Imaginemos por um momento a cena: os apóstolos, ao saberem que a Santíssima Virgem morreu, ou dormiu, reúnem-se todos ao redor do seu corpo inanimado. Alguns inclusive, têm que fazer uma longa viagem até Éfeso, onde provavelmente estaria Maria, já que, ao parecer, era São João quem cuidava dela, pois segundo a tradição, Nossa Senhora foi morar nessa cidade da Ásia Menor. Outros, talvez, nem conseguiram vê-la, pois quando lá chegaram, ela já teria subido aos céus. Deve ter sido surpreendente vê-la subindo aos céus! Assim como os Apóstolos viram o Senhor subindo aos céus, parece conveniente que vissem também Nossa Senhora subir aos céus. Deve ter sido também doloroso para os mesmos saber que a Mãe de Jesus já não estaria no meio deles em carne mortal, sentiriam saudades da presença materna daquela que eles consideravam sua mãe. Como é doloroso ver a mãe morrer! Mas como é maravilhoso vê-la sendo glorificada. Hoje, temos dois sentimentos: saudade de Nossa Senhora que se foi e alegria porque ela foi para ser nossa advogada lá no céu, pertinho do seu Filho e Nosso Senhor Jesus Cristo.

De muitos santos conservamos relíquias que nós veneramos com grande devoção, de Nossa Senhora não conservamos nenhuma relíquia, nenhum pedaço do seu corpo santo. O seu corpo não sofreu a corrupção. O Santo Padre, o Papa Pio XII, na definição desse dogma, o da assunção de Nossa Senhora, expressou-se da seguinte maneira: “(…) pela autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo e nossa, proclamamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado: a imaculada Mãe de Deus, sempre virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial. Por isso, se alguém, e que Deus não o permita, se atrevesse a negar ou voluntariamente colocar em dúvida o que por Nós foi definido, saiba que separou-se totalmente da fé divina e católica” (Constituição Dogmática “Munificentissimus Deus”, 01-11-1950). Aos dogmas da Maternidade divina, da Sempre Virgem, da Imaculada, juntava-se esse novo: a Assunção em corpo e alma de Nossa Senhora aos céus.

Maria subiu aos céus. Como é a nossa devoção para com ela, nossa Mãe e advogada? Muitos irmãos nossos, que demonstram pouco amor à Mãe de Jesus, não devem nunca atrapalhar a nossa fé no que diz respeito aos privilégios de Maria Santíssima. Não devem ser escutados! Como é a nossa devoção mariana? Deixamo-nos influenciar por idéias não-católicas no que se refere à Santíssima Virgem? A minha devoção a Nossa Senhora deve ser terna, ou seja, uma devoção na qual o coração tenha o seu espaço. Preciso tratá-la como mãe com aquelas práticas de devoções tão valorizadas pela tradição cristã: pelo menos uma parte do rosário, as saudações aos quadros da Santíssima Virgem, o “anjo do Senhor” ao meio-dia, as três Ave-Maria da noite pedindo a santa pureza, e tantos outros atos de devoção rijos, não adocicados, que mantêm o nosso fervor para com aquela que é a Mãe de Deus e nossa.

Pe. Françoá Costa

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