Homilia Terça-Feira da 2º semana do tempo comum | Ano C

Sábado ou domingo?

Terça, 2ª Semana do Tempo Comum – C – 1 Sm 16,1-13; Sl 88; Mc 2,23-28

Ainda a questão do sábado? Inclusive nos nossos dias, há grupos religiosos cristãos que afirmam a validez do sábado na Lei Nova. De fato, antes, durante a antiga aliança, o dia santo era sábado; porém, depois da ressurreição de Jesus, os cristãos seguem o domingo. O sábado, celebração da criação e do repouso de Deus, era figura da realidade que o domingo significa: a nova criação e o repouso eterno iniciados com a ressurreição do Senhor Jesus. O apóstolo Paulo deixou bem claro que os cristãos já não devem sentir-se vinculados ao sábado: “ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo” (Cl 2,16-17). 

É-nos necessário o domingo! Esse foi o dia feito por Deus para que fiquemos bem perto dele. Como canta o Salmista: “Esse é o dia que o Senhor fez: seja para nós dia de alegria e de felicidade” (Sl 117,24). Santo Inácio de Antioquia (+110 d.C.) explicou aos cristãos de Magnésia a passagem do sábado para o domingo da seguinte maneira: “aqueles que viviam na antiga ordem das coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte” (Aos Magn., 9,1). Obviamente, tais afirmações não resultam um desprezo para com as prescrições do Antigo Testamento, de fato o Catecismo diz o seguinte: “o culto dominical cumpre o preceito moral da Antiga Aliança, cujo ritmo e espírito retoma ao celebrar cada semana o Criador e o Redentor de seu povo” (Cat. 2176). O Antigo Testamento cumpriu a sua missão de preparação em relação ao Novo e, diria mais, continua cumprindo; mas quando chegou a realidade, Cristo, já não tem sentido continuar insistindo nas figuras antigas.

O domingo é o dia para que nós permaneçamos mais com o Senhor! Como? Em primeiro lugar, participando da Missa dominical em comunhão com os nossos irmãos. É na Eucaristia que nós encontramos o acontecimento fundacional do dia do Senhor, ou seja, o Mistério Pascal da Paixão, Morte e Glorificação de Jesus Cristo. Este também é o acontecimento fundacional da nossa nova vida em Cristo. Podemos entrar em contato com a grande Páscoa de Cristo na páscoa dominical. Daí que nós não podemos dizer: “ah, eu rezo em casa, não vou à igreja”. É na celebração eucarística que se atualiza de maneira misteriosa o acontecimento que nos deu nova vida e é no domingo que nós celebramos o triunfo de Cristo sobre o demônio, o pecado e a morte. Um Padre da Igreja explicava aos cristãos do seu tempo: “não podes rezar em casa como na Igreja, onde se encontra o povo reunido, onde o grito é lançado a Deus de um só coração. Há ali algo mais, a união dos espíritos, a harmonia das almas, o vínculo da caridade, as orações dos presbíteros” (São João Crisóstomo, Incomprehens., 3,6).

Padre Françoá Costa
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