Roteiro Homilético – Sagrada Família

RITOS INICIAIS

Cântico de entrada: Reunidos em Igreja, M. Carneiro, NRMS 71-72

Lc 2, 16

Antífona de entrada: Os pastores vieram a toda a pressa e encontraram Maria, José e o Menino deitado no presépio.

Diz-se o Glória.

Introdução ao espírito da Celebração

Celebramos hoje a festa da Sagrada Família de Nazaré. Jesus, Maria e José são o modelo para todas as famílias humanas. Vamos aprender com eles e pedir-Lhes pelas nossas famílias e pelas do mundo inteiro.

Examinemo-nos hoje dos nossos pecados nas relações familiares, como filhos, como pais, como esposos e peçamos perdão ao Senhor.

Oração colecta: Senhor, Pai santo, que na Sagrada Família nos destes um modelo de vida, concedei que, imitando as suas virtudes familiares e o seu espírito de caridade, possamos um dia reunir-nos na vossa casa para gozarmos as alegrias eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.

Liturgia da Palavra

Primeira Leitura

Monição: O texto desta primeira leitura lembra-nos o respeito devido aos pais mesmo velhinhos.

É um ensinamento bem actual para o nosso tempo.

Ben-Sira 3, 3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14)

3Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. 4Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados 5e acumula um tesouro quem honra sua mãe. 6Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua oração. 7Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe. 14Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. 15Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, 16porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida 17ae converter-se-á em desconto dos teus pecados.

Esta leitura é extraída da Sabedoria de Jesus Ben Sira, título grego do livro do A.T. mais lido na Liturgia, depois do Saltério, o que lhe veio a merecer, na Igreja latina, o nome de Eclesiástico, como já lhe chama no séc. III S. Cipriano. O autor inspirado escreve pelo ano 180 a. C., quando a Palestina acabava de passar para o domínio dos Selêucidas (198). Então, a helenização, favorecida pelas classes dirigentes, começava a tornar-se uma sedução para o povo da Aliança, com a adopção de costumes totalmente alheios à pureza da religião. Perante tão perigosa ameaça, Ben Sira vê na família o mais poderoso baluarte contra o paganismo invasor. Assim, os seus ensinamentos vão insistentemente dirigidos aos filhos, e estes são continuamente exortados a prestar atenção às palavras do pai.

O nosso texto é um belíssimo comentário inspirado ao 4.º mandamento do Decálogo (Ex 20, 12; Dt 5, 16), concretizando alguns deveres: o cuidado com os pais na velhice (v. 14a); não lhes causar tristeza (v. 14b); ser indulgente para com eles, se vierem a perder a razão (15a); nunca os votar ao desprezo (15b).

Salmo Responsorial

Salmo 127 (128), 1-2.3.4-5 (R. cf. 1)

Monição: O salmo fala da felicidade que o Senhor dá às famílias que põem nEle a sua esperança.

Refrão:      Felizes os que esperam no Senhor,

e seguem os seus caminhos.

Ou:           Ditosos os que temem o Senhor,

ditosos os que seguem os seus caminhos.

Feliz de ti, que temes o Senhor

e andas nos seus caminhos.

Comerás do trabalho das tuas mãos,

serás feliz e tudo te correrá bem.


Tua esposa será como videira fecunda

no íntimo do teu lar;

teus filhos serão como ramos de oliveira

ao redor da tua mesa.


Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.

De Sião te abençoe o Senhor:

vejas a prosperidade de Jerusalém


Aclamação ao Evangelho

Col 3, 15a.16atodos os dias da tua vida.

Segunda Leitura

Monição: S. Paulo aponta-nos um conjunto de conselhos para a vida de família tão importantes para a felicidade dos esposos.

Colossenses 3, 12-21

Irmãos: 12Como eleitos de Deus, santos e predilectos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. 13Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. 14Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. 15Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em acção de graças. 16Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. 17E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. 18Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. 19Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. 20Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. 21Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.

A leitura é tirada da parte final da Carta, a parte parenética, ou de exortação moral, em que o autor fundamenta a vida moral do cristão na sua união com Cristo a partir do Baptismo: trata-se duma «vida nova em Cristo».

12-15 Temos aqui a enumeração de uma série de virtudes e de atitudes indispensáveis à vida doméstica, diríamos nós agora, para que ela se torne uma imitação da Sagrada Família de Nazaré. Estas virtudes são apresentadas com a alegoria do vestuário, como se fossem diversas peças de roupa, que, para se ajustarem bem à pessoa, têm de ser cingidas com um cinto, que é «a caridade, o vínculo da perfeição». Na linguagem bíblica, «revestir-se» não indica algo de meramente exterior, de aparências, mas assinala uma atitude interior, que implica uma conversão profunda.

18-21 O autor sagrado não pretende indicar aqui os deveres exclusivos de cada um dos membros da família, mas sim pôr o acento naqueles que cada um tem mais dificuldade em cumprir; com efeito, o marido também tem de «ser submisso» à mulher, e a mulher também tem de «amar» o seu marido.

Monição: A Sagrada Família passou pelas mesmas dificuldades das nossas famílias. Como ela temos de saber contar em tudo com a providência amorosa de Deus.

Aleluia

Cântico: Aclamação- 2, F da Silva, NRMS 50-51

Reine em vossos corações a paz de Cristo,

habite em vós a sua palavra.

Evangelho

São Mateus 2, 13-15.19-23

13Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». 14José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto 15e ficou lá até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor anunciara pelo profeta: «Do Egipto chamei o meu filho». 19Quando Herodes morreu, o Anjo apareceu em sonhos a José no Egipto 20e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra de Israel, pois aqueles que atentavam contra a vida do Menino já morreram». 21José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe, e voltou para a terra de Israel. 22Mas, quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai, Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a região da Galileia 23e foi morar numa cidade chamada Nazaré, para se cumprir o que fora anunciado pelos Profetas: «Há-de chamar-Se Nazareno».

13 «Foge para o Egipto e fica por lá até que eu te diga». Eis o comentário da homilia de S. João Crisóstomo, pondo em evidência a fé, obediência e fidelidade de S. José, o chefe da Sagrada Família: «Ao ouvir isto José não se escandalizou nem disse: isto parece um enigma! Tu próprio, ainda não há muito, dizias-me que Ele salvaria o seu povo, e agora não é capaz de se salvar nem sequer a si mesmo, mas até temos necessidade de fugir, de empreender uma viagem, uma longa deslocação; isto é contrário à tua promessa! Mas não diz nada disto, porque José é um varão fiel. Também não pergunta pela data do regresso, apesar de o Anjo a ter deixado indeterminada, pois lhe tinha dito: fica lá até que eu te avise. Não obstante, nem por isso levanta dificuldades, mas obedece e crê e suporta todas as provações com alegria. É bem verdade que Deus, amigo dos homens, mistura mágoas e alegrias, procedimento que adopta com todos os santos. Porém, nem as penas nem as consolações no-las envia ininterruptamente, mas com umas e outras Ele vai tecendo a vida dos justos. Isto mesmo fez com S. José».

15 «Para se cumprir o que o Senhor anunciara…» Se bem que o sentido literal imediato que o profeta Oseias pôs nestas palavras (Os 11, 1) dissesse respeito a Israel o povo, filho de Deus que o Senhor liberta e chama do Egipto, a verdade é que o Evangelista, inspirado por Deus, descobre naquela passagem um sentido mais profundo que Deus quis para aquelas palavras de Oseias: «do Egipto chamei o meu Filho». Esta actualização do texto do A. T. é vista por uns como um sentido típico, isto é, uma figura do chamamento de Jesus; por outros, como um sentido pleno, isto é, mais profundo, já contido nas palavras do profeta, sem que este se apercebesse dele, mas querido por Deus ao inspirar o texto.

20 «Pois aqueles… já morreram». Com o plural de generalização é designado Herodes, o Grande, tão grande pelas suas construções, como pela sua crueldade. Não há dúvida de que estas referências a Arquelau e Herodes por parte do Evangelista são um valioso indício humano do valor histórico do relato. Aqui não aparece nada de fantástico, tudo tem naturalidade e verosimilhança: a morte dum tirano não aparece como um castigo divino, como é próprio de relatos lendários. É certo que a medida de matar os inocentes de Belém era descabida e inadequada, mas coaduna-se com a crueldade de Herodes e com a arbitrariedade dum tirano que num acesso de fúria faz o que lhe vem à cabeça só para satisfazer a sua ira.

23 «Há-de chamar-se Nazareno». S. Mateus, sabendo como o título de Nazareno usado pelos judeus incrédulos tinha uma decidida intenção de vexame (cf. Act 24, 5) para Jesus e para os cristãos e dado que Nazaré era uma aldeia insignificante e de mau nome (cf. Jo 1, 46), quis deixar ver como afinal o ser apodado do humilhante titulo de Nazareno era mais uma prova de que Ele era o Messias, cumprindo assim as profecias. Se é certo que não há nenhuma passagem do Antigo Testamento que fale do Messias como Nazareno, há algumas que se referem às humilhações a que o Messias será sujeito (Sal 22 (21); Is 53, 2 ss; etc.) e, sobretudo, há outras profecias que o anunciam como «o rebento (em hebraico nétser) de Jessé», pai de David (Is 11, 1; Zac 3, 8; 6, 12; etc.); para os destinatários do 1.º Evangelho, cristãos de origem judaica, esta referência era clara, dada a perfeita equivalência entre «nétser», «rebento», e «notsri», «nazareno» (na literatura judaica Jesus é chamado: Yexu-ha-notsri); S. Mateus recorreu a uma técnica (deraxe) de interpretação rabínica, chamada «al-tiqrey» («não leias»), entenda-se, com umas vogais (as vogais da palavra nétser, rebento), mas com outras vogais (as vogais da palavra «notsri», nazareno), tendo em conta que em hebraico não se escrevem as vogais, mas apenas as consoantes, variando o sentido das mesmas palavras conforme as vogais com que as palavras sejam lidas.

Sugestões para a homilia

Foi morar para Nazaré

Habite em vós a palavra de Cristo

Eleitos de Deus

Foi morar para Nazaré

Hoje saudamos não apenas Jesus, mas também os Seus pais, José e Maria. Quis vir à terra numa família humana igual à nossa. Quis precisar dos cuidados de José e Maria como qualquer menino. Sentiu o calor humano do lar de Nazaré.

E nascendo virginalmente de Nossa Senhora, quis ter a seu lado a figura de um pai terreno, pai virginal mas nem por isso menos pai. Jesus obedeceu a José e a Maria ao longo dos anos de vida oculta. «Era-lhes submisso» ( Lc 2, 51) – lembra o Evangelho.

Temos de agradecer a Deus o termos nascido também nós no calor de uma família. Temos de rezar para que todas as famílias do mundo funcionem bem. Que todas saibam copiar a José, Maria e Jesus.

Quando o papa Paulo VI visitou a Terra Santa, pronunciou em Nazaré um discurso muito bonito. Falou das lições que nos dá a Sagrada Família: de silêncio, tão necessário em nosso tempo, de trabalho, de vida familiar «Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social» (Aloc.5 -1-64)

Habite em vós a palavra de Cristo

Na segunda leitura S. Paulo deixava-nos conselhos tão importantes e tão concretos sobretudo para as famílias. «Como eleitos de Deus, santos e predilectos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente se algum tiver razão de queixa contra outro»

Todos os cristãos são chamados a ser santos, como eleitos de Deus. O matrimónio tem de ser caminho de santidade para os esposos. Vivendo as virtudes cristãs, como a Sagrada Família de Nazaré. «Maridos, amai as vossas esposas» – lembrava o Apóstolo. Esse amor entre os esposos tem de manifestar-se muitas vezes, sabendo ser amável, tornando a vida agradável ao outro. Em saber perdoar, esquecendo agravos. Em saber travar a tempo discussões inúteis. «Acima de tudo revesti-vos de caridade». É a virtude que nos leva a amar a Deus e, por amor dEle, a amar os outros. O amor humano tem de estar sempre apoiado no amor de Deus. Também o dos esposos. Doutro modo é um amor enganoso e instável.

«Habite em vós com abundância a palavra de Cristo para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria». Os casais têm de nortear a sua vida pela fé, pelos ensinamentos de Jesus e da Sua Igreja. Hoje há ataques organizados para destruir a família: facilitando os divórcios, promovendo o aborto, equiparando à família situações aberrantes, propagandeando o abuso da sexualidade sobretudo entre os mais novos. Temos de nos lembrar e lembrar a todos que a doutrina de Jesus continua sempre actual. Só Ele tem palavras de vida eterna (cfr Jo 6,69). Só Ele indica o caminho certo para seguir.

Está de moda o egoísmo dentro das famílias. A Europa e também Portugal estão a morrer lentamente por falta de natalidade, consequência de campanhas idiotas muitas vezes promovidas por organismos do Estado. Alguns países da Europa já mudaram de rumo. Um deles é a Suécia, que fora pioneira na política antinatalista. Agora está a apoiar fortemente os casais para terem mais filhos. Outros, como Portugal, ainda não acordaram.

Fez há pouco quarenta anos que Paulo VI publicou a Encíclica Humanae Vitae, que na altura foi contestada por muitos, até dentro da Igreja e hoje continua esquecida por tantos cristãos. O Santo Padre lembrava que o uso da sexualidade dentro do matrimónio tem de estar sempre aberto à vida ( cfr nº 11). O uso de anticonceptivos sejam eles quais forem é gravemente pecaminoso (cfr nº 14). O papa referia que não se tratava de uma lei da Igreja mas da lei natural inscrita por Deus no coração do homem e de que o Magistério é também intérprete autorizado.

Quando um casal tem razões graves para evitar os filhos pode recorrer a um método legítimo, o da continência periódica: evitar as relações nos dias fecundos da mulher (cfr nº 16). É fácil de conhecer, seguro e respeita a dignidade do outro.

João Paulo II e Bento XVI vieram confirmar a doutrina de Paulo VI. Na Exortação Familiaris Consortio, João Paulo II classifica de profética a encíclica do seu antecessor (cfr nº 29). Podemos confirmá-lo diante do grave problema da baixa natalidade em muitos países do mundo. As pílulas anticonceptivas de 1968 transformaram-se em pílulas abortivas, pois todas têm hoje uma componente abortiva, fazer que o útero da mulher não aceite a implantação do óvulo fecundado.

Às vezes a doutrina de Jesus transmitida pela Sua Igreja parece difícil e nós sacerdotes podemos sentir a tentação de fazer descontos, adaptando-nos à mentalidade em voga. Os casais podem ir à procura de algum conselheiro que os guie a seu gosto. Mas Jesus tem razão e temos de ser valentes para seguir o que nos ensina através do Seu vigário na terra.

Mesmo humanamente são mais felizes os casais que são generosos e sacrificados e que sabem pôr em Deus a sua confiança como José e Maria. Há um ditado em Espanha que diz: quem não conta com Deus não sabe contar.

Na confissão temos de pedir conselho a sacerdotes que nos ensinem de acordo com os ensinamentos do Santo Padre e acusar-nos dos pecados que tenhamos neste campo, esclarecendo bem a nossa consciência de cristãos. Assim andaremos bem e venceremos as dificuldades.

Eleitos de Deus

No dia 19 de Outubro foram beatificados em Lisieux, na França, os pais de Santa Teresa do Menino Jesus. Luís Martin e Zélia Guérin souberam aceitar generosamente os nove filhos que Deus lhes deu. O seu desejo era ter algum filho sacerdote. Os dois rapazes morreram em pequeninos assim como duas das meninas. Ficaram cinco raparigas que vieram a ser religiosas, quatro delas carmelitas.

Santa Teresa do Menino Jesus era a mais nova. Sentiu muito a morte da mãe aos quatro anos. Morrera com um cancro com quarenta e seis anos de idade. O pai dedicou-se inteiramente à educação das filhas, mudando para Lisieux, para ter a ajuda da família da mulher.

Quando Teresa aos catorze anos, vem pedir-lhe licença para entrar no Carmelo, Luís Martin apoia generosamente a entrega da filha mais querida, que seguia o caminho das três mais velhas.

Os pais têm de aprender não só a ser generosos em aceitar os filhos mas também em educá-los cuidadosamente. Nos tempos actuais, apesar de todas as naturais dificuldades, é fácil criar os filhos, se comparamos com o que acontecia há cinquenta ou mais anos. Hoje é difícil é educá-los. Pela abundância de coisas materiais que têm, pela falta de tempo que os pais lhes dedicam e pela influência dos meios de comunicação social ou dos colegas.

«A paternidade e a maternidade – dizia um sacerdote santo do nosso tempo – não terminam com o nascimento: essa participação no poder de Deus, que é a faculdade de gerar, deve prolongar-se mediante a cooperação com o Espírito Santo, para que culmine com a formação de autênticos homens cristãos e autênticas mulheres cristãs.

Os pais são os principais educadores de seus filhos, tanto no aspecto humano como no sobrenatural, e devem sentir a responsabilidade dessa missão, que exige deles compreensão, prudência, saber ensinar e sobretudo, saber amar; e que se empenhem em dar bom exemplo. Não é caminho acertado para a educação a imposição autoritária e violenta. O ideal dos pais concretiza-se antes em chegarem a ser amigos dos filhos; amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consultam os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável.

É necessário que os pais consigam tempo para estar com os filhos e falar com eles. Os filhos são o que há de mais importante: são mais importantes que os negócios, que o trabalho, que o descanso. Nessas conversas, convém escutá-los com atenção, esforçar-se por compreendê-los, saber reconhecer a parte de verdade – ou a verdade inteira – que possa haver em algumas de suas rebeldias. E, ao mesmo tempo, ajudá-los a canalizar rectamente seus interesses e entusiasmos, ensiná-los a considerar as coisas e a raciocinar, não lhes impor determinada conduta, mas mostrar-lhes os motivos sobrenaturais e humanos que a aconselham. Em uma palavra, respeitar-lhes a liberdade, já que não há verdadeira educação sem responsabilidade pessoal, nem responsabilidade sem liberdade.

Os pais educam fundamentalmente com a sua conduta. O que os filhos e as filhas procuram no pai e na mãe não são apenas uns conhecimentos mais amplos que os seus, ou uns conselhos mais ou menos acertados, mas algo de maior categoria; um testemunho do valor e do sentido da vida encarnado numa existência concreta, confirmado nas diversas circunstâncias e situações que se sucedem ao longo dos anos.

Se tivesse que dar um conselho aos pais, dir-lhes-ia sobretudo o seguinte: que os vossos filhos vejam – não alimenteis ilusões, eles percebem tudo desde crianças e tudo julgam – que procurais viver de acordo com a vossa fé, que Deus não está apenas nos vossos lábios, que está nas vossas obras, que vos esforçais por ser sinceros e leais, que vos quereis e os quereis de verdade.

Assim contribuireis da melhor forma possível para fazer deles cristãos verdadeiros, homens e mulheres íntegros, capazes de enfrentar com espírito aberto as situações que a vida lhes apresente, de servir aos seus concidadãos e de contribuir para a solução dos grandes problemas da humanidade, levando o testemunho de Cristo aonde quer que se encontrem mais tarde, na sociedade» (JOSEMARIA ESCRIVÁ, Cristo que passa, 27-28).

Que os pais saibam arranjar tempo para rezar com eles em família, para ir à missa com eles desde pequenos e ensinando-os a estar na igreja. O segredo da educação lembrava S. João Bosco é o amor. Mas um amor inteligente que leve a buscar o bem dos filhos em cada situação.

Que saibam acompanhá-los pela vida fora vigiando as suas amizades, ensinando-os a usar com critério da televisão ou internet. Que saibam ajudá-los a preparar-se para o casamento, amadurecendo o amor e fugindo do que o degrada.

Que saibam rezar por eles uma vez e outra. E não só quando se descaminham. Santa Mónica é exemplo desta oração perseverante pelos filhos. Santo Agostinho dizia que ela fora sua mãe duas vezes.

Que os pais saibam unir esforços e iniciativas com outros pais para encontrarem apoios para os seus filhos, aproveitando actividades promovidas pela Igreja ou por eles próprios.

Que nunca se deixem desanimar, sabendo confiar na oração, no poder da sua amizade generosa com os filhos.

Peçamos à Sagrada Família por todas as famílias do mundo, para que sejam células saudáveis na sociedade e alfobre de santos na Igreja.

Fala o Santo Padre

«Deus ao entrar neste mundo pelo caminho comum a todos os homens, santificou a realidade da família, revelando plenamente a sua missão.»

Celebramos hoje a festa da Sagrada Família. Seguindo os Evangelhos de Mateus e de Lucas, fixamos o olhar em Jesus, Maria e José, e adoramos o mistério de um Deus que quis nascer de uma mulher, a Virgem Santa, e entrar neste mundo pelo caminho comum a todos os homens. Fazendo assim, santificou a realidade da família, enchendo-a da graça divina e revelando plenamente a sua vocação e missão. O Concílio Vaticano II dedicou grande atenção à família. Os cônjuges afirmam eles são um para o outro e para os filhos testemunhas da fé e do amor de Cristo (cf. LG, 35). A família cristã participa assim da vocação profética da Igreja: com o seu modo de viver «proclama em voz alta as virtudes presentes do reino de Deus e a esperança da vida bem-aventurada» (cf. ibid.). Como repetiu depois incansavelmente o meu venerado Predecessor João Paulo II, o bem da pessoa e da sociedade está estreitamente ligado à «boa saúde» da família (cf. GS, 47). Por isso a Igreja está comprometida na defesa e promoção ‘da dignidade natural e do altíssimo valor sagrado’ são palavras do Concílio do matrimónio e da família (ibid.). […]

Ao contemplar o mistério do Filho de Deus que veio ao mundo circundado pelo afecto de Maria e de José, convido as famílias cristãs a experimentar a presença amorosa do Senhor nas suas vidas. De igual modo, estimulo-as a fim de que, inspirando-se no amor de Cristo pelos homens, dêem testemunho diante do mundo da beleza do amor humano, do matrimónio e da família. Ela, fundada na união indissolúvel de um homem com uma mulher, constitui o âmbito privilegiado no qual a vida humana é acolhida e protegida, desde a sua concepção até ao seu fim natural. Por isso, os pais têm o direito e a obrigação fundamental de educar os seus filhos, na fé e nos valores que dignificam a existência humana. Vale a pena empenhar-se pela família e pelo matrimónio porque vale a pena comprometer-se pelo ser humano, o seu mais precioso criado por Deus. […]

Bento XVI, Angelus, 30 de Dezembro de 2007

Liturgia Eucarística

Oração sobre as oblatas: Nós Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício de reconciliação e humildemente Vos suplicamos que, pela intercessão da Virgem, Mãe de Deus, e de São José, se confirmem as nossas famílias na vossa paz e na vossa graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio do Natal: p. 457[590-702] ou 458-459

No Cânone Romano, diz-se o Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio. Nas Orações Eucarísticas II e III faz-se também a comemoração própria do Natal.

Santo: Az. Oliveira, NRMS 50-51

Monição da Comunhão

Jesus veio até nós em Belém, há dois mil anos e ficou connosco na Eucaristia. Aprendamos com S. José e Nossa Senhora a tratá-Lo bem quando vem até nós.

Antífona da comunhão: Deus apareceu na terra e começou a viver no meio de nós.

Oração depois da comunhão: Pai de misericórdia, que nos alimentais neste divino sacramento, dai-nos a graça de imitar continuamente os exemplos da Sagrada Família, para que, depois das provações desta vida, vivamos na sua companhia por toda a eternidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Ritos Finais

Monição final

Como S. José e Nossa Senhora queremos viver em nossa vida em nossa família a confiança em Deus e a caridade fina e constante no serviço dos outros.

Celebração e Homilia:          Celestino F. Correia

Nota Exegética:                     Geraldo Morujão

Homilias Feriais:                   Nuno Romão

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