Roteiro Homilético – Solenidade da Imaculada Conceição

RITOS INICIAIS

Is 61, 10

ANTÍFONA DE ENTRADA: Exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, que me revestiu com as vestes da salvação e me envolveu com o manto da justiça, como esposa adornada com suas jóias.

Diz-se o Glória.

Introdução ao espírito da Celebração

Neste começo do Advento celebra a Igreja universal a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. É um privilégio singular que lhe foi concedido em atenção a ter sido escolhida para Mãe do Redentor.

Ela é a Mulher a que se refere Deus no Génesis, quando Se dirige a Adão e Eva, depois do pecado original, e a Mulher do Apocalipse vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e coroada de 12 estrelas.

Alegremo-nos com Ela e preparemo-nos para participar na festa dos bem-aventurados do Céu.

Acto penitencial

Tal como a luz faz sobressair mais a desordem e a fealdade, de modo semelhante a Imaculada Conceição faz aparecer mais, por contraste, os nossos pecados e faltas de generosidade.

Arrependamo-nos deles e peçamos humildemente perdão, com propósito firme de emenda

ORAÇÃO COLECTA: Senhor nosso Deus, que, pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preparastes para o vosso Filho uma digna morada e, em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo, a preservastes de toda a mancha, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de chegarmos purificados junto de Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: Depois da queda dos nossos primeiros pais Deus promete-nos um Salvador que será filho de Maria Imaculada.

Génesis 3, 9-15.20

9Depois de Adão ter comido da árvore, o Senhor Deus chamou-o e disse-lhe: «Onde estás?». 10Ele respondeu: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim e, como estava nu, tive medo e escondi-me». 11Disse Deus: «Quem te deu a conhecer que estavas nu? Terias tu comido dessa árvore, da qual te proibira comer?». 12Adão respondeu: «A mulher que me destes por companheira deu-me do fruto da árvore e eu comi». O Senhor 13Deus perguntou à mulher: «Que fizeste?» E a mulher respondeu: «A serpente enganou-me e eu comi». 14Disse então o Senhor Deus à serpente: «Por teres feito semelhante coisa, maldita sejas entre todos os animais domésticos e entre todos os animais selvagens. Hás-de rastejar e comer do pó da terra todos os dias da tua vida. 15Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu a atingirás no calcanhar». 20O homem deu à mulher o nome de «Eva», porque ela foi a mãe de todos os viventes.

A leitura é extraída do segundo bloco do livro do Génesis, que vai do v. 4b do capítulo 2 até ao fim do capítulo 4, que os estudiosos atribuem à chamada «tradição javista», onde se encontra a narrativa da criação do homem e da mulher, do pecado dos primeiros pais com as suas consequências e da continuidade da vida humana marcada pelo pecado. É evidente que esta narrativa não é um relato jornalístico, pois tudo é descrito numa linguagem simbólica, muito expressiva e densa; a narrativa coloca o leitor perante realidades transcendentes que dizem respeito ao «ser humano» – o adam –, o homem de todos os tempos. O autor sagrado, que deu forma definitiva e inspirada ao Pentateuco, quis dar-nos um panorama coerente da história da salvação – que arranca da eleição divina e se concretiza na aliança e nas promessas de salvação – desenvolvendo-se por etapas correspondentes a um maravilhoso projecto divino, a que não escapa o enigma das origens.

Se perdêssemos de vista este plano divino, que conhecemos pela Revelação, a curiosidade científica poderia levar-nos a ficar atolados nos aspectos arqueológicos e episódicos, como poderia suceder a alguém que, para estudar um monumento antigo, se ficasse no estudo das pedras e na análise dos materiais de construção; por mais científica que fosse a sua análise, ficaria sem se aperceber da harmonia do conjunto, do significado histórico desse monumento e da sua verdade mais profunda. A doutrina da Igreja sobre o pecado original, de que Maria foi isenta por singular privilégio, não se fundamenta na narrativa do Génesis; muito menos se pode partir do estudo das fontes do Génesis para negar a existência desse pecado (uma ridícula ingenuidade, além do mais); a doutrina da fé encontra a sua sólida base na obra redentora de Cristo e nos ensinamentos do Novo Testamento, nomeadamente de S. Paulo; no entanto, a fé projecta grande luz sobre esta narrativa simbólica das origens.

10 «Tive medo porque estava nu; e então escondi-me». Deste modo se descreve, com fina psicologia, o sentimento de culpabilidade e de vergonha que não podia deixar de ser estranho ao primeiro pecado e igualmente ao pecado de todo aquele que não empederniu a sua consciência; esta, que antes de pecar era o aviso de Deus, toma-se depois uma premente censura. Este dar conta da própria nudez parece também indicar, por um lado, a enorme frustração de quem, ao pecar, em vão tinha tentado «ser igual a Deus» e, por outro lado, sugere o descontrolo das tendências instintivas (a concupiscência): depois do primeiro pecado, sentem-se dominados por movimentos e apetites contrários à razão, que tentam esconder (v. 7).

Não resistimos a citar algumas palavras da profunda reflexão antropológica de João Paulo II, nas audiências gerais de Maio de 1980: «Por meio destas palavras (v. 10) desvela-se certa fractura constitutiva no interior da pessoa humana, quase uma ruptura da original unidade espiritual e somática do homem. Este dá-se conta pela primeira vez de que o seu corpo cessou de beber da força do espírito, que o elevava ao nível da imagem de Deus. A sua vergonha original traz em si os sinais duma específica humilhação comunicada pelo corpo. (…) O corpo não está sujeito ao espírito como no estado da inocência original, tem em si um foco constante de resistência ao espírito e ameaça de algum modo a unidade do homem pessoa. (…) A concupiscência, em particular a concupiscência do corpo, é ameaça específica à estrutura da auto-posse e do autodomínio, por meio do qual se forma a pessoa humana».

14 «Hás-de rastejar e comer do pó da terra». Na narrativa, a sentença é dada primeiro contra a serpente, a primeira a fazer mal. Ninguém pense que o autor quer insinuar que dantes as cobras tinham patas: asentença é proferida contra o demónio tentador; a expressão designa uma profunda humilhação (cf. Salm 71(72), 9; Is 49, 23; Miq 7, 17), infligida contra o demónio, que é o sentenciado, não as serpentes (cf. Apoc12, em especial os vv. 9 e 17).

15 «Esta te esmagará a cabeça». Todo o versículo constitui o chamado Proto-Evangelho, o primeiro anúncio da boa nova da salvação que se lê na Bíblia. Não se limita esta passagem a anunciar o estado de guerra permanente entre as potências diabólicas – «a tua descendência» – e toda a Humanidade – «a descendência dela». É sobretudo uma vitória que se anuncia. Note-se que essa vitória é expressada não tanto pelo verbo, que no original hebraico é o mesmo para as duas partes em luta (xuf – na Neovulgata conterere), mas sim pela parte do corpo atingida nessa luta: a serpente será atingida na cabeça (ferida mortal, daí a tradução «esmagará»), ao passo que a descendência será apenas atingida no calcanhar (ferida leve, daí a tradução «atingirás»).

Mas, pergunta-se, a quem é que designa o pronome «esta» (v. 15)? Segundo o original hebraico, podia ser a descendência da mulher. A verdade, porém, é que esta descendência pecadora fica incapacitada para, por si, vencer o demónio e o pecado em que se precipitara. Assim, o tradutor grego da Septuaginta (inspirado?) referiu o dito pronome ao Messias (traduzindo-o na forma masculina, designando um indivíduo,autós, em vez da forma neutra (designando uma colectividade), autó, referindo este pronome a descendência, (que em grego se diz com a palavra neutra, sperma); esta tradução visava pôr em evidência que quem vence o pecado e o demónio é Ele, o Messias. A tradição cristã, e com ela a tradução da Vetus Latina seguida pela Vulgata, ao traduzir o pronome pelo feminino ipsa, aplicou este texto à Virgem Maria, explicitando um sentido (chamado eminente), que entreviu nesta passagem (se quisesse designar a descendência – semen – teria empregado o neutro ipsum, e não ipsa).

Eis como se costuma explicar o sentido mariano da passagem: a vitória é prometida à descendência de Eva, mas quem faz possível essa vitória é Jesus Cristo, com a sua obra redentora. Assim, unidos a Cristo, todos somos vencedores, mas Maria é a vencedora de um modo eminente, porque Mãe do Redentor e Mãe de toda a comunidade dos redimidos, a Igreja. O próprio contexto facilita esta referência a Maria: é que, contra tudo o que era de esperar, a profecia aparece dita a Eva, e não a Adão. Segundo o ensino da Igreja (cf. Bula «Ineffablis Deus» do Beato Pio IX), esta vitória de Maria sobre o demónio, inclui a perfeita isenção de toda a espécie de mancha do pecado, incluindo o original.

Salmo Responsorial

Salmo 84 (85), 9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)

Monição: A Liturgia convida-nos a cantar em honra da Virgem Santa Maria um cântico sempre novo, em honra da Imaculada Conceição.

Participemos, pois, com alegria nesta aclamação da Mãe de Deus.

Refrão: MOSTRAI-NOS O VOSSO AMOR E DAI-NOS A VOSSA SALVAÇÃO.

Ou:                MOSTRAI-NOS, SENHOR, A VOSSA MISERICÓRDIA.

Escutemos o que diz o Senhor:

Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis.

A sua salvação está perto dos que O temem

e a sua glória habitará na nossa terra.

 

 

Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade,

abraçaram-se a paz e a justiça.

A fidelidade vai germinar da terra

e a justiça descerá do Céu.

 

 

O Senhor dará ainda o que é bom

e a nossa terra produzirá os seus frutos.

A justiça caminhará à sua frente

e a paz seguirá os seus passos.

Segunda Leitura

Monição: Foi em atenção aos merecimentos de Jesus Cristo que Maria foi concebida Imaculada e todos nós fomos escolhidos para herdeiros do Céu.

Efésios 1, 3-6.11-12

3Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. 4N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. 5Ele nos predestinou, conforme a benevolência da sua vontade, a fim de sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, 6para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho. 11Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, 12para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo.

 

Este início da epístola aos Efésios de que é extraída a leitura tem o aspecto de um hino litúrgico e é uma das mais ricas sínteses doutrinais paulinas.

3 «Em Cristo». Toda a graça – «bênçãos espirituais» – que Deus concede ao homem, após o pecado original, incluindo a Imaculada Conceição da Virgem Maria, é concedida pela mediação de Cristo e através da união com Ele.

4-5 «Santos». «Filhos». O objectivo desta eleição eterna de Deus é «sermos santos», isto é, destacados do profano e pecaminoso para servir ao culto e glória divina: «diante d’Ele», isto é, na presença de Deus; estamos chamados a estar sempre diante de Deus para O glorificar a partir de tudo o que fazemos, dizemos ou pensamos, como ensina o Concílio Vaticano II: «Todos os cristãos são, pois, chamados e devem tender à santidade e perfeição do próprio estado» (LG 42). A santidade está em sermos «participantes da natureza divina» (2 Pe 1, 4; Rom 12, 1), sendo filhos de Deus e vivendo como tais, imitando a Cristo, o Filho de Deus por natureza (cf. Rom 8, 15-29; Gal 4, 5-7; 1 Jo 3, 1-3). E o modelo humano mais perfeito de santidade é Maria.

A expressão «santos e irrepreensíveis» faz pensar nas vítimas oferecidas a Deus no Antigo Testamento (cf. Lv 20, 20-22), insinuando-se assim o carácter oblativo e sacrificial de toda a vida do cristão (cf. 1 Pe2, 5), bem como a perfeição que devemos pôr em tudo o que fazemos, demais que não se trata duma pureza meramente exterior e ritual, mas de um culto em espírito e verdade (cf. Jo 4, 23), «na sua presença» (de Deus) «que examina os rins e o coração» (Salm 7, 10), isto é, que perscruta o que há de mais íntimo no homem, a sua consciência, afectos e intenções.

Aclamação ao Evangelho

Lc 1, 28

Monição: Aclamemos o Evangelho da nossa salvação que nos anuncia a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Acolhamos a Palavra do Senhor, imitando a generosidade de Maria no momento da Anunciação.

ALELUIA

Ave Maria cheia de graça, o Senhor é convosco;

bendita sois Vós entre as mulheres.

Evangelho

São Lucas 1, 26-38

Naquele tempo, 26o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José. 27O nome da Virgem era Maria. 28Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». 29Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. 30Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David 33reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». 34Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». 35O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. 36E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril 37porque a Deus nada é impossível». 38Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor faça-se em mim segundo a tua palavra».

A cena da Anunciação, narrada com toda a simplicidade, tem uma singular densidade, pois encerra o mistério mais assombroso da História da Salvação, a Incarnação do Filho eterno de Deus. Assim, a surpresa do leitor transforma-se em encanto e deslumbramento. O próprio paralelismo dos relatos lucanos do nascimento de João e de Jesus, revestem-se dum contraste deveras significativo: à majestade do Templo e grandiosidade de Jerusalém contrapõe-se a singeleza duma casa numa desconhecida e menosprezada aldeia de Galileia; ao afã dum casal estéril por ter um filho, a pureza duma virgem que renunciara à glória de ser mãe; à dúvida de Zacarias, a fé obediente de Maria!

26 «O Anjo Gabriel». O mesmo que anunciou a Zacarias o nascimento de João. Já era conhecido o seu nome no A.T. (Dan 8, 16-26; 9, 21-27). O seu nome significa «homem de Deus» ou também «força de Deus».

28 Coadunando-se com a transcendência da mensagem, a tripla saudação a Maria é absolutamente inaudita:

«Ave»: Vulgarizou-se esta tradução, correspondente a uma saudação comum (como ao nosso «bom dia»; cf. Mt 26, 49), mas que não parece ser a mais exacta, pois Lucas, para a saudação comum usa o semítico «paz a ti» (cf. Lc 10, 5); a melhor tradução é «alegra-te» – a tradução literal do imperativo do grego khaire –, de acordo com o contexto lucano de alegria e com a interpretação patrística grega, não faltando mesmo autores modernos que vêem na saudação uma alusão aos convites proféticos à alegria messiânica da «Filha de Sião» (Sof 3, 14; Jl 2, 21-23; Zac 9, 9).

Ó «cheia de graça»: Esta designação tem muita força expressiva, pois está em vez do nome próprio, por isso define o que Maria é na realidade. A expressão portuguesa traduz um particípio perfeito passivo que não tem tradução literal possível na nossa língua: designa Aquela que está cumulada de graça, de modo permanente; mais ainda, a forma passiva parece corresponder ao chamado passivo divino, o que evidencia a acção gratuita, amorosa, criadora e transformante de Deus em Maria: «ó Tu a quem Deus cumulou dos seus favores». De facto, Maria é a criatura mais plenamente ornada de graça, em função do papel a que Deus A chama: Mãe do próprio Autor da Graça, Imaculada, concebida sem pecado original, doutro modo não seria, em toda a plenitude, a «cheia de graça», como o próprio texto original indica.

«O Senhor está contigo»: a expressão é muito mais rica do que parece à primeira vista; pelas ressonâncias bíblicas que encerra, Maria é posta à altura das grandes figuras do Antigo Testamento, como Jacob (Gn 28, 15), Moisés (Ex 3, 12) e Gedeão (Jz 6, 12), que não são apenas sujeitos passivos da protecção de Deus, mas recebem uma graça especial que os capacita para cumprirem a missão confiada por Ele.

Chamamos a atenção para o facto de na última edição litúrgica ter sido suprimido o inciso «Bendita és tu entre as mulheres», pois este não aparece nos melhores manuscritos e pensa-se que veio aqui parar por arrasto do v. 42 (saudação de Isabel). A Neovulgata, ao corrigir a Vulgata, passou a omiti-lo.

29 «Perturbou-se», ferida na sua humildade e recato, mas sobretudo experimentando o natural temor de quem sente a proximidade de Deus que vem para tomar posse da sua vida (a vocação divina). Esta reacção psicológica é diferente da do medo de Zacarias (cf. Lc 1, 12), pois é expressa por outro verbo grego; Maria não se fecha no refúgio dos seus medos, pois n’Ela não há qualquer espécie de considerações egoístas, deixando-nos o exemplo de abertura generosa às exigências de Deus, perguntando ao mensageiro divino apenas o que precisa de saber, sem exigir mais sinais e garantias como Zacarias (cf. Lc 1, 18).

32-33 «Encontraste graça diante de Deus»: «encontrar graça» é um semitismo para indicar o bom acolhimento da parte dum superior (cf. 1 Sam 1, 18), mas a expressão «encontrar graça diante de Deus» só se diz no A. T. de grandes figuras, Noé (Gn 6, 8) e Moisés (Ex 33, 12.17). O que o Anjo anuncia é tão grandioso e expressivo que põe em evidência a maternidade messiânica e divina de Maria (cf. 2 Sam 7, 8-16; Salm2, 7; 88, 27; Is 9, 6; Jer 23, 5; Miq 4, 7; Dan 7, 14).

34 «Como será isto, se Eu não conheço homem?» Segundo a interpretação tradicional desde Santo Agostinho até aos nossos dias, tem-se observado que a pergunta de Maria careceria de sentido, se Ela não tivesse antes decidido firmemente guardar a virgindade perpétua, uma vez que já era noiva, com os desposórios ou esponsais (erusim) já celebrados (v. 27). Alguns entendem a pergunta como um artifício literário e também «não conheço» no sentido de «não devo conhecer», como compete à Mãe do Messias (cf. Is 7, 14). Pensamos que a forma do verbo, no presente, «não conheço», indica uma vontade permanente que abrange tanto o presente como o futuro. Também a segurança com que Maria aparece a falar faz supor que José já teria aceitado, pela sua parte, um matrimónio virginal, dando-se mutuamente os direitos de esposos, mas renunciando a consumar a união; nem todos os estudiosos, porém, assim pensam, como também se vê no recente e interessante filme Figlia del suo Figlio.

35 «O Espírito Santo virá sobre ti…». Este versículo é o cume do relato e a chave do mistério: o Espírito, a fonte da vida, «virá sobre ti», com a sua força criadora (cf. Gn 1, 2; Salm 104, 30) e santificadora (cf.Act 2, 3-4); «e sobre ti a força do Altíssimo estenderá a sua sombra» (a tradução litúrgica «cobrirá» seria de evitar por equívoca e pobre; é melhor a da Nova Bíblia da Difusora Bíblica): o verbo grego (ensombrar) é usado no A. T. para a nuvem que cobria a tenda da reunião, onde a glória de Deus estabelecia a sua morada (Ex 40, 34-36); aqui é a presença de Deus no ser que Maria vai gerar (pode ver-se nesta passagem o fundamento bíblico para o título de Maria, «Arca da Aliança»).

«O Santo que vai nascer…». O texto admite várias traduções legítimas; a litúrgica, afasta-se tanto da da Vulgata, como da da Nova Vulgata; uma tradução na linha da Vulgata parece-nos mais equilibrada e expressiva: «por isso também aquele que nascerá santo será chamado Filho de Deus». I. de la Potterie chega a ver aqui uma alusão ao parto virginal de Maria: «nascerá santo», isto é, não manchado de sangue, como num parto normal. «Será chamado» (entenda-se, «por Deus» – passivum divinum) «Filho de Deus», isto é, será realmente Filho de Deus, pois aquilo que Deus chama tem realidade objectiva (cf. Salm 2, 7).

38 «Eis a escrava do Senhor…». A palavra escolhida na tradução, «escrava» talvez queira sublinhar a entrega total de Maria ao plano divino. Maria diz o seu sim a Deus, chamando-se «serva do Senhor»; é a primeira e única vez que na história bíblica se aplica a uma mulher este sintagma, como que evocando toda uma história maravilhosa de outros «servos» chamados por Deus, que puseram a sua vida ao seu serviço: Abraão, Jacob, Moisés, David… É o terceiro nome com que Ela aparece neste relato: «Maria», o nome que lhe fora dado pelos homens, «cheia de graça», o nome dado por Deus, «serva do Senhor», o nome que Ela se dá a si mesma.

«Faça-se…». «sim» de Maria é expresso com o verbo grego no modo optativo (génoito, quando o normal seria o uso do modo imperativo génesthô), o que põe em evidência a sua opção radical e definitiva, o seu vivo desejo (matizado de alegria) de ver realizado o desígnio de Deus (M. Orsatti).

Apraz-nos citar aqui as palavras de S. João Damasceno sobre Nª Senhora: «Ela é descanso para os que trabalham, consolação dos que choram, remédio para os doentes, porto de refúgio para as tempestades, perdão para os pecadores, doce alívio dos tristes, socorro dos que rezam».

Sugestões para a homilia

– Maria, promessa da Salvação

Deus à procura do homem perdido

O logro do pecado

As desculpas do pecador

Maria, aurora da Salvação

– A Imaculada, sinal da ternura de Deus

Maria é Imaculada

Um dom gratuito do Senhor

Da vontade de Maria esteve pendente a nossa Redenção

1. Maria, promessa da Salvação

A solenidade da Imaculada Conceição é uma festa que vem do século VII. Os estudantes das nossas universidades, nos séculos XV e XVI dedicavam-lhe os doutoramentos em Teologia e juravam defender a Imaculada. D. João IV proclamou-A Rainha de Portugal e, partir de então, nunca ais os reis e rainhas usaram coroa real.

Em 1830 Nossa Senhora apareceu em Paris, a Santa Catarina Labourée e mandou que gravassem a Medalha Milagrosa, na qual era invocada como concebida sem pecado.

Em 1854, o Beato Pio IX definiu esta verdade como dogma de fé; e logo em 1858, Ela aparecia em Lourdes apresentando-se como sendo a imaculada Conceição.

Adão e Eva desobedeceram gravemente a Deus. Seguidamente, com profunda desilusão, escondem-se, envergonhados, no Éden.

Quando uma pessoa teima em organizar a sua vida como se Deus não existisse, cai neste estado de espírito. Muitas vezes, as pessoas mergulham no ruído, para não ouvirem a voz de Deus na sua consciência, a chamá-las ao bom caminho, à conversão pessoal.

Deus à procura do homem perdido. «O Senhor chamou-o: Adão, Adão! Onde estás

O Senhor não é um encarregado da ordem que procura as pessoas para as repreender e multar ou castigar. É o Pai amorosíssimo que, ao ver o estado miserável em que se encontram Adão e Eva, os procura para os chamar à conversão pessoal, ao arrependimento e restituir-lhes a felicidade perdida.

Devemos cultivar uma progressiva delicadeza de consciência, com a confissão frequente e com actos de contrição, especialmente quando O ofendemos. Peçamos ao Espírito Santo os sete Dons, especialmente os da Piedade e do temor.

b) O logro do pecado. «Tive medo e escondi-me, porque estava nu.» João Paulo II falava desta nudez que o pecado causa.

Adão e Eva tomam consciência da pobreza e desolação em que os deixou o pecado. O demónio promete-nos um mundo de felicidade em troca da desobediência a Deus, e deixa-nos nus, sem a graça de Deus, e com uma grande desolação interior. Assim aconteceu a Judas, a Pedro, à Madalena, á pecadora e à adúltera.

O demónio seduziu-os. Prometeu-lhes que seriam felizes como deuses, sem qualquer dependência do Criador, e eis que se tornaram escravos das suas paixões e do Inimigo.

Quem julga que está feliz alguém que se entrega à embriagues, à impureza ou à droga?

c) As desculpas do pecador. «A esposa que me destes por companheira deu-me do fruto e eu comi».

Como em todo o pecado há sempre uma forte raiz de orgulho, temos sempre dificuldade em aceitar as nossas faltas e defeitos e desculpamo-nos com os outros, com o nosso feitio, o ambiente, etc.

Adão desculpa-se com Eva, e esta com a serpente.

O pecado introduziu a inimizade entre os dois, como símbolo da que vai reinar entre todos os homens. Que diferença entre a alegria de Adão, quando viu Eva pela primeira vez, e agora! Algum tempo depois, Caim vai dar a morte ao seu irmão Abel

O que o Senhor faz não é castigá-los, mas trazer-lhes a esperança. Antes, porém, é preciso que tomem consciência da situação dramática em que se encontram. Sem ela não há esperança nem desejo de remédio.

Chama, pois, a atenção para as consequências da sua desobediência: o mau entendimento com a esposa, a dureza do trabalho – que em vez de fonte de santificação será, muitas vezes, causa de revolta – e, sobretudo, a perda do paraíso.

Mas deixa-lhes a esperança, porque lhes promete o Salvador.

d) Maria, aurora da Salvação. «Porei inimizades entre ti (serpente) e a Mulher, e entre a tua descendência e a descendência d’Ela

O demónio aproveita-se da fragilidade de uma mulher para entrar no mundo. Deus escolhe uma Mulher para Incarnar no seu ventre e tornar-nos Seus filhos, restituindo-nos o que o pecado nos roubou.

Ele estabelecerá inimizades irreconciliáveis entre a serpente (o demónio) e a Mulher e entre a descendência da serpente e a da Mulher. Esta não é, certamente, Eva, porque ela entregou-se ao Inimigo, fazendo-lhe a vontade. Por outro lado, as inimizades não seriam perpétuas e irreconciliáveis, porque, ao menos agora, Eva está reconciliada com o demónio.

A tradição viu nesta Mulher do Génesis Maria, a Mãe do redentor e Mãe da Igreja. Por Ela começa, portanto, a promessa de Salvação que Deus faz aos nossos primeiros pais.

2. A Imaculada, sinal da ternura de Deus

O Evangelho começa por identificar bem Nossa Senhora, dizendo o seu nome, a terra em que vive, o noivo com quem está desposada e a linhagem de David à qual pertence.

a) Maria é Imaculada. «Ave, ó cheia de graça!» Quando Deus chama uma pessoa a uma missão singular, muda-lhe o nome, como que para significar que é uma personalidade nova. Abrão, ao ser escolhido para pai do Povo de Deus, passa a ser Abraão; Isac, Isaac; Jacob é designado Israel; Simão, torna-se Pedro; e Maria, «a cheia de Graça». Este é o seu nome próprio.

Esta expressão significa o mesmo que Imaculada desde a sua Conceição. Para ser designada, como nome próprio, a cheia de graça, não perdeu um momento, desde o primeiro momento de vida, de receber e guardar essa água que jorra para a vida eterna.

Ao mesmo tempo, o Arcanjo S. Gabriel insinua que este privilégio singular foi-lhe concedido em atenção a que fora escolhida por Deus para ser a Mãe do redentor. É a eleita do Senhor. «O Senhor está (contente) contigo

Quando rezamos o Terço, repetindo Ave-Marias, estamos a clamar a Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.

Imaculada significa isto mesmo: enquanto cada um de nós esteve privado da graça santificante que nos dá a filiação divina, desde que foi concebido até ao momento do nosso Baptismo, Maria este vivificada pela graça desde o primeiro momento da sua existência.

b) Um dom gratuito do Senhor. «Encontraste graça diante do Senhor. Eis que conceberás e darás um Filho e o seu nome será Jesus

Maria encontrou graça diante do Senhor. Enquanto cada um de nós foi libertado do pecado, depois do Baptismo, Ela, por privilégio singular, foi imune, preservada da mancha original.

Pelo pecado dos nossos primeiros pais, perderam-se para eles e para nós a graça santificante, com a filiação divina, o dom a imortalidade e o da integridade.

Pelo mistério da Incarnação, Jesus Cristo restitui-nos tudo o que o demónio tinha roubado aos nossos primeiros pais.

Por isso, Nossa Senhora canta em casa de Santa Isabel: «Porque (o Senhor) olhou para a humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações

Quando, em Lourdes, se identificou como sendo a imaculada Conceição, Nossa Senhora mostrou um rosto de uma gratidão ao Senhor e felicidade indescritíveis.

A sua pergunta – Como se fará isto, pois eu não conheço varão? – é providencial, porque nos revela a sua virgindade perpétua.

c) Da vontade de Maria esteve pendente a nossa Redenção. «Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.»

Assim como da vontade de Eva dependeu a nossa desgraça, da vontade de Maria dependeu a nossa felicidade.

Deus esperou pelo seu «fiat» para realizar o mistério da Incarnação: assumir a nossa natureza humana, unindo-a à Segunda pessoa da Santíssima Trindade para sempre.

De modo semelhante, Deus espera pela nossa generosidade para realizar muitas maravilhas no mundo.

Também nos alegra a certeza de que temos uma Mãe tão poderosa e que nos ama tanto, sabendo que podemos contar sempre com Ela, sejam quais forem as dificuldades. Para isso mesmo nos foi dada como Mãe admirável.

Nesta Celebração da Eucaristia comungamos da alegria dos Anjos e dos santos no Céu, revivendo a alegria de toda a Criação, no momento em que Ela foi concebida Imaculada no ventre da sua mãe.

Se nos conservarmos unidos a Ela, na observância dos Mandamentos e alimentados pelos Sacramentos que Jesus instituiu, e recorrendo a Ela cheios de confiança, nas dificuldades, venceremos.

Fala o Santo Padre

«Em Maria reconhecemos a beleza do projecto de Deus para nós: tornar-se santos e imaculados no amor.»

No caminho do Advento brilha a estrela de Maria Imaculada, «sinal certo de esperança e de conforto» (Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 68). Para chegar a Jesus, luz verdadeira, sol que dissipou todas as trevas da história, precisamos de luzes próximas de nós, pessoas humanas que reflictam a luz de Cristo e iluminam assim o caminho a percorrer. E qual pessoa é mais luminosa do que Maria? Quem pode ser para nós estrela de esperança melhor do que ela, aurora que anunciou o dia da salvação (cf. Enc. Spe salvi, 49)? Por isso, a liturgia nos faz celebrar hoje, na proximidade do Natal, a festa solene da Imaculada Conceição de Maria: o mistério da graça de Deus que envolveu desde o primeiro momento da sua existência a criatura destinada a tornar-se a Mãe do Redentor, preservando-a do contágio do pecado original. Olhando para ela, nós reconhecemos a altura e a beleza do projecto de Deus para cada homem: tornar-se santos e imaculados no amor (cf. Ef 1, 4), à imagem do nosso Criador.

Que dom grandioso ter como mãe Maria Imaculada! Uma mãe resplandecente de beleza, transparente ao amor de Deus. Penso nos jovens de hoje, que cresceram num ambiente saturado de mensagens que propõem falsos modelos de felicidade. Estes jovens correm o risco de perder a esperança porque com frequência parecem ser órfãos do verdadeiro amor, que enche a vida de significado e de alegria. Este foi um tema muito querido ao meu predecessor João Paulo II, que muitas vezes propôs Maria à juventude do nosso tempo como «Mãe do belo amor». Infelizmente muitas experiências nos dizem que os adolescentes, os jovens e até as crianças são vítimas fáceis da corrupção do amor, enganados por adultos sem escrúpulos que, mentindo a si mesmos e a eles, os atraem para os becos sem saída do consumismo: também as realidades mais sagradas, como o corpo humano, templo do Deus do amor e da vida, se tornam assim objectos de consumo; e isto acontece sempre mais cedo, já na pré-adolescência. Que tristeza quando os jovens perdem a admiração, o encanto dos sentimentos mais belos, o valor do respeito do corpo, manifestação da pessoa e do seu mistério insondável!

Maria, a Imaculada que contemplamos em toda a sua beleza e santidade, recorda-nos tudo isto. Da cruz Jesus confiou-a a João e a todos os discípulos (cf. Jo 19, 27), e desde então tornou-se Mãe de toda a humanidade, Mãe da esperança. A ela dirigimos com fé a nossa oração,. […] Maria Imaculada, «estrela do mar, brilha sobre nós e guia-nos no nosso caminho!» (Enc. Spe salvi, 50).

Bento XVI, Angelus, 8 de Dezembro de 2007

Oração Universal

Irmãos e irmãs:

Confiantes por podermos contar sempre com Maria

em todas as dificuldades que surgem na nossa vida,

e de que Ela gosta que lhe falemos delas para nos socorrer,

lembremos-lhe, com a maior confiança o que nos preocupa.

Oremos (cantando) com toda a esperança:

Pela Imaculada Conceição de Maria,

ouvi-nos, Senhor!

 

1. Para que o Santo Padre, com os Bispos a ele unidos,

sinta o conforto e a coragem da sua protecção materna,

oremos, irmãos.

Pela Imaculada Conceição de Maria,

ouvi-nos, Senhor!

 

2. Para que as mães de família encontrem na Imaculada

o modelo da sua entrega generosa à vocação maternal,

oremos, irmãos.

Pela Imaculada Conceição de Maria,

ouvi-nos, Senhor!

 

3. Para que os cristãos, onde a Igreja é perseguida,

encontrem na fidelidade da Imaculada a sua força,

oremos, irmãos.

Pela Imaculada Conceição de Maria,

ouvi-nos, Senhor!

4. Para que os jovens escolham Maria, a sempre jovem,

como perfeito modelo da sua caminhada na terra,

oremos, irmãos.

Pela Imaculada Conceição de Maria,

ouvi-nos, Senhor!

 

5. Para que as associações marianas da santa Igreja

se entreguem com generosidade à sua missão,

oremos, irmãos.

Pela Imaculada Conceição de Maria,

ouvi-nos, Senhor!

6. Para que as almas dos fiéis defuntos em purificação,

pela mediação da Imaculada entrem na Vida Eterna,

oremos, irmãos.

Pela Imaculada Conceição de Maria,

ouvi-nos, Senhor!

 

Senhor, que nos destes em Maria Virgem Imaculada

a Mãe solícita e abnegada de todos os momentos:

ensinai-nos a ajudai-nos a tê-l’A sempre presente,

para que Ela nos conduza à glória eterna do Céu.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho,

na unidade do espírito Santo.

LITURGIA EUCARÍSTICA

Introdução à Liturgia Eucarística

Na Liturgia da Palavra, o Senhor proclamou as glórias da Imaculada Conceição e a ajuda maternal que d’Ela recebemos.

Devemos à sua generosidade a maravilha que se vai realizar agora: o Senhor vai transformar-se em alimento para nós. Tudo o que Ele tem de humano veio-nos de Maria.

Peçamos-lhe ajuda para vivermos ainda com mais intimidade a Liturgia Eucarística.

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Aceitai, Senhor, o sacrifício de salvação que Vos oferecemos na solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria e, assim como acreditamos que, por vossa graça, ela foi isenta de toda a mancha, sejamos nós, por sua intercessão, livres de toda a culpa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Prefácio

 

O mistério de Maria e da Igreja

V. O Senhor esteja convosco.

R. Ele está no meio de nós.

V. Corações ao alto.

R. O nosso coração está em Deus.

V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.

R. É nosso dever, é nossa salvação.

Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente, é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte, e louvar-Vos, bendizer-Vos e glorificar-Vos na Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.

Vós a preservastes de toda a mancha do pecado original, para que, enriquecida com a plenitude da vossa graça, fosse a digna Mãe do vosso Filho. Nela destes início à santa Igreja, esposa de Cristo, sem mancha e sem ruga, resplandecente de beleza e santidade. Dela, Virgem puríssima, devia nascer o vosso Filho, Cordeiro inocente que tira o pecado do mundo. Vós a destinastes, acima de todas as criaturas, a fim de ser, para o vosso povo, advogada da graça e modelo de santidade.

Por isso, com os Anjos e os Santos, proclamamos com alegria a vossa glória, cantando numa só voz:

SANTO

Saudação da Paz

Hoje, Maria pede-nos uma prenda especial: que sejamos construtores da paz, perdoando e aceitando que nos perdoem aqueles a quem temos ofendido.

Com estes sentimentos,

Saudai-vos na paz de Cristo!

Monição da Comunhão

A Comunhão bem feita – na graça de Deus, com Fé e Amor, fortalece-nos para seguirmos com generosidade na vida o Senhor Jesus Cristo.

Procuremos comungar com a pureza, humildade e devoção com que o fez Maria Santíssima.

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Grandes coisas se dizem de vós, ó Virgem Maria, porque de vós nasceu o sol da justiça, Cristo nosso Deus.

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: O sacramento que recebemos, Senhor, cure em nós as feridas daquele pecado, do qual, por singular privilégio, preservastes a Virgem Santa Maria, na sua Imaculada Conceição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

RITOS FINAIS

Monição final

Levemos a todas as pessoas esta alegre mensagem: Maria foi concebida sem mácula de pecado original. Triunfou do demónio a ajudar-nos-á também a triunfar, se lhe pedirmos ajuda.

HOMILIAS FERIAIS

2ª SEMANA

3ª Feira, 9-XII: O bom pastor conduz-nos ao bom caminho.

Is 40, 1-11 / Mt 18, 12-14

Olhai que o Senhor vai chegar com poder. É como o bom pastor que apascenta o seu rebanho.

De acordo com as palavras do profeta, o Messias será o bom Pastor que cuida de todas as ovelhas do seu rebanho (cf Leit). E Jesus exercitará essa tarefa procurando que todas as ovelhas se salvem: «não é da vontade de meu Pai que se perca um único sequer destes pequeninos» (Ev).

O Advento é pois um tempo de esperança, porque o amor de Deus é um amor benevolente, universal. Recebendo o sacramento da Penitência seremos de novo reencaminhados pelo bom Pastor.

4ª Feira, 10-XII: Imitar o Senhor na ajuda aos outros.

Is 40, 25-31 / Mt 11, 28-30

Os que esperam no Senhor, recuperam as forças… crescem sem se fatigarem, caminham sem se cansarem.

De acordo com esta profecia, o Messias haveria de ajudar todos os cansados. É esse mesmo convite que Jesus nos dirige: «Vinde a mim todos os que vos afadigais» (Ev).

Esforcemo-nos por imitar Jesus. «Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração» (Ev). Deste modo, criaremos um ambiente de serenidade à nossa volta, ajudando todos os que andam sobrecarregados com os seus problemas pessoais, profissionais ou familiares.

5ª Feira, 11-XII: Fortaleza e obstáculos.

Is 41, 13-20 / Mt 11, 1-5

Eu venho socorrer-te, diz o Senhor. Irás bater e triturar os montes, reduzir as colinas a palha.

De acordo com esta profecia, o Messias vem trazer-nos a força necessária para ultrapassarmos os obstáculos que se nos apresentarem: os montes, as colinas, etc. (cf Leit). E é igualmente com essa força que nos apoderaremos do reino dos Céus (cf Ev).

A virtude da fortaleza, de que João Baptista deu um belo testemunho (cf Ev), mantém-nos firmes nas tentações; ajuda-nos a superar os obstáculos, a vencer o medo e a enfrentar com coragem as provações e as perseguições.

6ª Feira, 12-XII: Aceitação da palavra de Deus e felicidade.

Is 48, 17-19 / Mt 11, 16-19

Oh! Se tivesses atendido às minhas ordens, o teu bem-estar seria como um rio, e a tua prosperidade com as ondas do mar.

O profeta ensina-nos que a nossa felicidade está ligada ao modo como acolhemos as ordens, a palavra de Deus (cf Leit). Infelizmente nem João Baptista nem Jesus são bem acolhidos, bem entendidos (cf Ev).

Procuremos fazer mais caso dos mandatos e da palavra de Deus, que ouvimos ou lemos; procuremos entender melhor cada um dos gestos e atitudes de Jesus (não entenderam que comesse ou bebesse normalmente: cf Ev).

Sábado, 13-XII: O exemplo do pai dos profetas.

Sir 48, 1-49, 11 / Mt 17, 10-13

Como brilhaste, Elias, pelos teus prodígios! Quem se pode glorificar de ser como tu? Foste preparado em ordem ao futuro.

Em ambas as leituras é recordada a figura do profeta Elias (cf Leit e Ev). Ele «é o pai dos profetas, da geração dos que procuram a Deus. O seu nome – ‘O Senhor é o meu Deus’ – é prenúncio do grito do povo em resposta à sua oração no Monte Carmelo» (CIC, 2582). Pode ser esta uma jaculatória para dizermos muitas vezes.

Com a sua oração fez com que voltasse à vida o filho da viúva de Sarepta, fez descer o fogo de Deus sobre o holocausto do Monte Carmelo., etc. Muito pode a oração persistente de um justo.

Celebração e Homilia:          FERNANDO SILVA

Nota Exegética:                     GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:                   NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:                 DUARTE NUNO ROCHA

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