Roteiro Homilético – XIV Domingo do Tempo Comum – Ano C

RITOS INICIAIS

 

Salmo 47, 10-11

ANTÍFONA DE ENTRADA: Recordamos, Senhor, a vossa misericórdia no meio do vosso templo. Toda a terra proclama o louvor do vosso nome, porque sois justo e santo, Senhor nosso Deus.

 

Introdução ao espírito da Celebração

 

A celebração deste Domingo convida-nos a exultar de alegria pela presença dos sinais de júbilo que Deus oferece ao seu povo. A vontade de Deus é transformar a cidade.

A oferta mais maravilhosa de Deus é o dom de seu Filho, Jesus Cristo. Ele se fez entrega por nós na cruz. Ele estabelece pela sua doação a Nova Jerusalém onde é possível desterrar o ódio, a morte e o pecado, isto é, uma cidade saudável onde todos possam viver como filhos de Deus.

Este júbilo toca a nossa vida, convidando-nos a colocarmo-nos ao serviço da Boa-Nova, na consciência do compromisso de que somos seus enviados, de levarmos em nosso ser os sinais dessa doação, dessa coerência e dessa generosa entrega. Assim somos também convidados a construir, a participar, a partilhar.

A maior prova desse amor e fidelidade é a glória da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

ORAÇÃO COLECTA: Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna. Por Nosso Senhor …

 

 

LITURGIA DA PALAVRA

 

Primeira Leitura

 

Monição: A alegria jubilosa que Isaías nos convida, depois da experiência de fracasso, dor, destruição, é uma alegria que se fundamenta em Deus que nos leva no seu colo de ternura, nos consola, nos torna vigorosos e nos estende as suas mãos. Um Deus que nos oferece uma cidade nova.

 

Isaías 66, 10-14c

10Alegrai-vos com Jerusalém, exultai com ela, todos vós que a amais. Com ela enchei-vos de júbilo, todos vós que participastes no seu luto. 11Assim podereis beber e saciar-vos com o leite das suas consolações, podereis deliciar-vos no seio da sua magnificência. 12Porque assim fala o Senhor: «Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. 13Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura, retomarão vigor os vossos membros. 14cA mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos.

 

O texto, faz parte dum discurso dotado de rara beleza poética, no final do livro de Isaías. Jerusalém, é apresentada como uma mãe que com seus peitos sacia de con­solação e deleite os seus filhos que regressam do exílio (vv. 10-11).

12 «A paz como um rio» é uma figura da paz messiânica que Cristo trouxe à «nova Jerusalém» que é «nossa Mãe», a Igreja (cf. Gal 4, 26-27), «o Israel de Deus» de que nos fala a 2.ª leitura de hoje (Gal 6, 16).

 

Salmo Responsorial

Sl 65 (66), 1-3a.4-7a.16.20 (R.1)

 

Monição: Saboreie a minha vida a força deste salmo: a glória e o poder de Deus, a sua acção maravilhosa, a sua misericórdia.

 

Refrão:          A TERRA INTEIRA ACLAME O SENHOR.

 

Aclamai a Deus, terra inteira,

cantai a glória do seu nome,

celebrai os seus louvores, dizei a Deus:

«Maravilhosas são as vossas obras».

 

A terra inteira Vos adore e celebre,

entoe hinos ao vosso nome.

Vinde contemplar as obras de Deus,

admirável na sua acção pelos homens.

 

Mudou o mar em terra firme,

atravessaram o rio a pé enxuto.

Alegremo-nos n’Ele:

domina eternamente com o seu poder.

 

Todos os que temeis a Deus, vinde e ouvi,

vou narrar-vos quanto Ele fez por mim.

Bendito seja Deus que não rejeitou a minha prece,

nem me retirou a sua misericórdia.

 

Segunda Leitura

 

Monição: Procurar assumir a Cruz de Jesus Cristo significa viver a sabedoria por excelência. Assim não busco a minha glória.

A verdade será a faixa dos meus rins, a coerência será testemunho forte, e o Evangelho de Deus é anunciado e vivido, gerando vida nova.

 

Gálatas 6, 14-18

Irmãos: 14Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. 15Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão valem alguma coisa: o que tem valor é a nova criatura. 16Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma, bem como para o Israel de Deus. 17Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. 18Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito. Amen.

 

Temos hoje o empolgante final da carta aos Gálatas.

14 «Longe de mim gloriar-me…» S. Paulo rebate os cristãos judaizantes que, por um «proselitismo» mal entendido, queriam impor a circuncisão a fim de «fazerem boa figura (v. 11e acharem motivo de glória na carne assim marcada dos convertidos (v. 13). Mas o proselitismo do Apóstolo é totalmente outro: baseia-se no imperativo de Jesus (Mt 28, 19) e é algo que o faz «compelido pelo amor de Cristo» (2 Cor 5, 14) e não compelido pelo zelo da própria glória. Paulo gloria-se na Cruz de Cristo, não no êxito humano das suas correrias apostólicas, no que seria glória mundana, mas sim no valor redentor da Cruz, na dor e humilhação máximas que Jesus suportou e de que participa o autêntico apóstolo (cf. Gal 2, 19).

15 «O que tem valor é a nova criatura.» Pouco importa, diante desta realidade sobrenatural, uma questão tão ridícula como a de ser ou não ser circuncidado. Nova criatura é o cristão, «homem novo, criado em conformidade com Deus na justiça e na santidade verdadeiras» (Ef 4, 24; cf. Ef 2, 15; 2 Cor 5, 17; Rom 6, 3ss; Jo 1, 13; 3, 5; etc.), regenerado pelo Baptismo. Nesta argumentação contra os judaizantes, S. Paulo usa a mesma designação com que os rabinos da época designavam um convertido ao judaísmo após a circuncisão e o «baptismo dos prosélitos»: era então considerado «beriyá hadaxá», isto é, nova criatura. Assim S. Paulo diz que o que interessa é ser nova criatura; e o cristão, de facto, torna-se isso mesmo num sentido radical e profundo, como se depreende de todo o seu ensino, pois é regenerado, santificado, torna-se filho de Deus, faz um só com Cristo que com a sua Morte e Ressurreição inaugura uma nova Humanidade, uma nova criação, em contraste com a criação inicial, a do velho Adão donde provém para todos o pecado e a morte.

17 «Ninguém me importune», entenda-se, com discussões acerca da circuncisão ou da minha condição de apóstolo (cf. Gal 5, 11;1, 8-18), uma vez que eu trago no meu corpo outras marcas, os estigmas de Jesus. Os escravos costumavam então trazer, marcadas, com ferro em brasa (ferrete), umas marcas que indicavam o dono. Sem duvida, que as marcas de Jesus que S. Paulo se gloria de trazer eram as próprias cicatrizes físicas dos seus padecimentos por Cristo, flagelações, apedrejamentos, etc., os «estigmas» da Paixão de Cristo, que autenticavam a sua pertença ao Senhor, o seu apostolado, a sua pregação.

 

Aclamação ao Evangelho              

Col 3, 15a.16a

 

Monição: É urgente encontrar mensageiros e trabalhadores que não regateiem, mas se disponibilizem em docilidade, fidelidade e generoso serviço.

É urgente a missão vivida em simplicidade, oportunidade, sabedoria. É urgente recuperar o mundo e a vida para Deus!

 

ALELUIA

 

Reine em vossos corações a paz de Cristo, habite em vós a sua palavra.

 

 

Evangelho *

* O texto que se encontra entre parêntesis pertence à forma longa e pode omitir-se.

 

Forma longa: São Lucas 10, 1-12.17-20;              forma breve: São Lucas 10, 1-9

1Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. 2E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. 3Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. 5Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. 6E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. 7Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.8Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, 9curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’. 10[Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: 11‘Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus’. 12Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade». 17Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome». 18Jesus respondeu-lhes: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. 19Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano. 20Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos nos Céus».]

 

 Apenas S. Lucas fala desta missão dos 72 (70 segundo alguns textos de menos valor). Neste discurso de Jesus aos 72 há grandes coincidências de forma e conteúdo com o discurso aos Doze em Mc 6, 6-13 e Mt 9, 5-23. Mas estas coincidências não parecem bastar para se pensar que se trata duma mesma missão e dum mesmo discurso. Na verdade, Lucas fala em 9, 1-6 de uma outra missão dos Doze, tomada de Mc 6, 6-13. Estes discípulos são «outros» como propõem autorizadas variantes do v. 1, isto é, discípulos diferentes dos Apóstolos («outros» é uma variante textual importante recolhida na Neovulgata). As coincidências apontadas justificam-se pela semelhança do objectivo dos discursos de Jesus e pela própria tradição oral prévia que teria influído em ordem a uma transmissão semelhante, sem alterar a substância dos discursos. Este episódio contém, antes de mais, umgrande ensinamento: é que, nem antes nem depois do Pentecostes, a evangelização foi um privilégio exclusivo dos Doze.

2 «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos». Jesus fala à maneira de um grande proprietário agrícola que, ao contemplar as suas grandes searas, vê enorme abundância de trigo maduro em risco de se perder, caso não seja colhido, sentindo a máxima preocupação por encontrar braços para o ingente e urgentíssimo trabalho. Deus, para salvar os homens, quer precisar de outros homens. «Pedi ao Dono da sara…». A urgência do trabalho não pode levar os discípulos a perderem o sentido da realidade sobrenatural que é uma «messe das almas»: embora eles sejam «ceifeiros», não se podem limitar a ceifar sem parança, têm de achar tempo e modo de pedir ao Dono o envio de novos ceifeiros, já que é dele que depende o bom êxito de todo o trabalho.

3-4 «Para o meio de lobos. Não leveis…». Dadas as dificuldades do trabalho apostólico e o seu vastíssimo alcance sobrenatural, o discípulo podia atemorizar-se ou deixar-se seduzir pela tentação de pôr a sua confiança nos recursos humanos. O Senhor quer dos seus grande desprendimento e audácia apostólica. «Nem vos demoreis a saudar …». «Não se trata de evitar a urbanidade de saudar, mas de eliminar um possível obstáculo ao serviço (cf. 2Re 4, 29)… Saudar é uma coisa boa, mas melhor é executar quanto antes uma ordem divina, que muitas vezes se tornaria frustrada por um atraso» (Sto. Ambrósio, Hom. 17).

7 «Ficai… não andeis de casa em casa», isto é, aceitai a hospitalidade que vos oferecerem, sem qualquer reserva, e não andeis à procura da melhor casa, de quem vos dê mais vantagens pessoais.

11 «Até o pó… sacudimos para vós». Segundo a indicação rabínica de então, todo o bom israelita que entrava na Palestina vindo do território pagão devia sacudir o pó das sandálias, a fim de não contaminar a Terra Santa. Este gesto indica que os judeus que não recebem a Jesus se equiparam aos pagãos.

18 «Eu via Satanás cair…». Esta expressão não se refere ao pecado de Satanás que o precipita na condenação eterna, logo ao ser criado. Refere-se, sim, ao começo da sua derrocada que se consumará no fim dos tempos, mas que se vai realizando sempre que o Evangelho é pregado e aceite. Jesus utiliza uma imagem isaiana para significar a derrota de Satanás, com a perda do seu domínio sobre os homens (cf. Is 14, 12).

20 «Alegrai-vos antes…». Os discípulos sentiam uma alegria apoiada em motivos predominantemente humanos, como era o domínio sobre os demónios e o poder de realizarem milagres, mas o importante é fazerem a vontade de Deus (cf. Mt 7, 21-23); isto é o que conduz ao Céu, onde está a verdadeira felicidade, e eles são do número dos eleitos, isto é, têm os seus nomes inscritos nos Céus (cf. Ex 32, 32; Is 4, 3; Dan 12, 1; Mal 3, 16; Apc20, 15).

 

Sugestões para a homilia

 

Deus na cidade.

«Eu vos envio».

Gloriar-se na Cruz.

Deus na cidade.

A cidade de Jerusalém tinha sofrido dura prova ao ser arrasada e o seu povo ter sido levado para o exílio. Tal é visto como consequência da infidelidade à Aliança.

Mas o Profeta Isaías põe-se a cantar o júbilo do amor de Deus pelo seu povo. Deus quer oferecer uma cidade nova, rejuvenescida e reconstruída. Deus quer reunir, consolar, curar, proteger. Deus quer tornar a cidade cheia de luz, de bens, de riquezas, de paz, de segurança.

É o Deus da Aliança sempre fiel, amigo, terno e carinhoso como uma mãe. Deus ama o Seu povo e vai fazer tudo por ele. Ele enviará o Seu Filho que manifestará todo o poder de Deus no seu Mistério Pascal, princípio de transformação radical de uma nova cidade onde todos são felizes e onde foi derrotado o mal, o pecado e foi destruída a morte.

«Eu vos envio».

Lucas descreve que Jesus se dirige a Jerusalém. Mais do que a Jerusalém geográfica e física é a Jerusalém da sua doação e entrega, da aliança nova e eterna, da qual faz os seus discípulos participantes.

A missão dos doze é a síntese da missão que convoca a todos. Não só os doze, mas todos os outros que como Jesus Cristo devem doar a sua vida pela transformação de uma cidade mais humana, fraterna e santa!

As linhas de dinamismo do envio: as instruções para a missão que deve ser universal, ir a todos os lugares e a todas as nações, porque no número 72 também estão simbolizadas todas as nações do mundo; deve ser uma missão que leva o desejo de Deus de dar a vida a todos e a todos tornar participantes da beleza da Boa Nova que liberta e salva.

Deve ser uma missão realizada na liberdade e na confiança, na docilidade e na prudência, na oportunidade e na caridade. Não se devem assustar das dificuldades, da oposição e dos obstáculos, assim como do aparente fracasso.

A missão conduz à salvação e à paz. Missão que constrói uma cidade nova, feita de novas e fraternas relações, feita de verdadeira humanidade onde todas as dimensões do ser humano são respondidas: saúde, educação, alimentação, dignidade, liberdade, vida (Gaudium et Spes).

Viver a missão com enorme e heróica caridade. Sacudir o pó que significa que diante da impossibilidade, da rejeição ou do ataque, não se deve guardar rancor ou desejo de vingança.

O regresso dos discípulos é traduzido pela enorme alegria. Devemos ir em missão, mas voltar para junto de Jesus contanto e partilhando tudo, e escutando-O, na descoberta e rectificação de atitudes e gestos.

O Evangelho é realidade dinâmica sempre lido e relido com Jesus Cristo. Cristo permite reler colocando a alegria no seu verdadeiro fundamento, assim como a própria missão e o seu sucesso!

Hoje necessitamos de possuir consciência de missão. De partir deixando as nossas seguranças e ir em nome de Jesus. Mas necessitamos de voltar para estar junto de Jesus Cristo, a fim de colocarmos o nosso coração nas verdadeiras alegrias, nos segredos do Reino e na sua eficácia na luta contra o poder do mal.

Gloriar-se na Cruz.

A missão só resulta quando se ama a Cruz e se gloria somente nela.

Paulo é o missionário por excelência. O encontro com Cristo modifica radicalmente a sua pessoa que sente fome de se doar em serviço da Igreja e de todos, para que conheçam o mistério de beleza, de graça e de misericórdia que é Jesus Cristo.

Com efeito a cruz é a denúncia de um mundo de injustiça, de pecado. A glória da cruz significa que não se está centrado em fazer a vontade ao mundo, mas em nome de Jesus e como Jesus, propor um mundo justo, fraterno, respeitador dos pequeninos, dos frágeis, dos pobres e dos fracos.

Significa doar-se sem esperar nada em troca e permanecer confiante diante do aparente fracasso, da violência, da oposição ou da perseguição.

A Cruz de Cristo origina uma cidade nova, onde livres de todo o egoísmo, se constrói na justiça, na paz, na dignidade, na igualdade, na caridade, na felicidade.

 

Fala o Santo Padre

 

«No campo de Deus, há trabalho para todos.»

 

Caros irmãos e irmãs

Hoje, o Evangelho (cf. Lc 10, 1-12.17-20) apresenta Jesus que envia setenta e dois discípulos para os povoados aonde Ele deveria ir, a fim de que preparassem o ambiente. Esta é uma particularidade do Evangelista Lucas, que ressalta o facto de que a missão não está reservada aos doze Apóstolos, mas envolve também outros discípulos. Com efeito diz Jesus «a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos» (Lc 10, 2). No campo de Deus, há trabalho para todos. Mas Cristo não se limita a enviar: Ele oferece também aos missionários regras de comportamento claras e específicas. Em primeiro lugar, envia-os «dois a dois», para que se ajudem mutuamente e dêem testemunho de amor fraternal. Adverte-os que serão «com cordeiros no meio de lobos»: ou seja, deverão ser pacíficos apesar de tudo e transmitir uma mensagem de paz em todas as situações; não levarão consigo roupas, nem dinheiro, vivendo daquilo que a Providência lhes oferecer; cuidarão dos enfermos, como sinal da misericórdia de Deus; onde forem rejeitados, ir-se-ão, limitando-se a alertar acerca da responsabilidade da recusa ao Reino de Deus. São Lucas evidencia o entusiasmo dos discípulos pelos bons frutos da missão, e ressalta esta bonita expressão de Jesus: «Não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos nos Céus» (Lc 10, 20). Este Evangelho desperte em todos os baptizados a consciência de que são missionários de Cristo, chamados a preparar-lhe o caminho mediante as palavras e o testemunho da vida. […]

 

Papa Bento XVI, Angelus, Domingo, 8 de Julho de 2007 

 

LITURGIA EUCARÍSTICA

 

 

ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Fazei, Senhor, que a oblação consagrada ao vosso nome nos purifique e nos conduza, dia após dia, a viver mais intensamente a vida da graça. Por Nosso Senhor …

 

SANTO

 

Monição da Comunhão

 

Neste momento tão importante devo sentir como Deus me consola. Talvez sinta mais forte e terno este consolo se a minha vida encontra dificuldades, obstáculos e tudo tem sido mais difícil para mim.

O próprio Deus me quer sustentar com a partilha do seu mistério de amor e de vida, no Mistério Pascal de Seu Filho.

Que eu acolha o dom excelente da cruz de Jesus Cristo. Dom a convidar-me à tarefa de construir e de ser, como Ele, doação e missão.

Ide! É preciso ir em nome de Jesus Cristo e ir a um mundo à espera de cristãos coerentes, simples e serviçais! Ou ir a um mundo às vezes difícil, hipócrita, violento.

 

Salmo 33, 9

ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Saboreai e vede como o Senhor é bom, feliz o homem que n’Ele se refugia.

 

ou

Mt 11, 28

Vinde a Mim, todos vós que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei, diz o Senhor.

 

ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Senhor, que nos saciastes com estes dons tão excelentes, fazei que alcancemos os benefícios da salvação e nunca cessemos de cantar os vossos louvores. Por Nosso Senhor …

 

 

RITOS FINAIS

 

Monição final

 

Compreendendo os apelos que a Palavra de Deus me lançou, devo viver o sentido de envio e de missão.

Sabendo com todo o realismo, pelas palavras do nosso Mestre, e sobretudo pela sua vida, como há dura oposição, devo ir sem medo, assumindo a Cruz de Cristo e de ser testemunha desta Cruz.

Maria, nossa querida Mãe, fiel até à Cruz, convoca-nos para um assumir consciente deste mistério de amor e de vida. Maria chama-nos à Missão pela oração, pela penitência, pelo testemunho e pela partilha das razões da fé.

 

 

HOMILIAS FERIAIS

 

14ª SEMANA

 

2ª Feira, 8-VII: O amor de Deus pelo seu povo.

Os 16, 17-18. 21-22 / Mt 9, 18-26

Farei de ti minha esposa para sempre, desposar-te-ei segundo a justiça e o direito, por amor e misericórdia.

«Deus ama o seu povo, mais que um esposo a sua bem amada; este amor vencerá mesmo as piores infidelidades (Leit.); e chegará ao mais precioso de todos os dons: Deus amou de tal maneira o mundo, que lhe entregou o seu Filho único’» (CIC, 219).

As curas (Ev.) são precisamente uma manifestação do amor de Cristo: «A compaixão de Cristo para com os doentes e as suas numerosas curas de enfermos de toda espécie são um sinal claro de que Deus visitou o seu povo e de que o reino de Deus está próximo… É o médico de que todos os doentes precisam» (CIC, 1503).

 

3ª Feira, 9-VII: A carência de vocações.

Os 8, 4-7. 11-13 / Mt 9, 32-38

A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara.

Jesus, o bom Pastor, tem grande compaixão das multidões que precisam de ajuda. Por isso, exorta a pedir na oração que haja muitos trabalhadores para a messe (Ev.). Também temos que apoiar-nos na Eucaristia: «Para evangelizar o mundo precisamos de apóstolos ‘especialistas’ na celebração, adoração e contemplação da Eucaristia» (J. Paulo II).

Uma boa parte da carência de vocações será devida ao materialismo reinante: «Considero repelente, Samaria, o bezerro que adoras» (Leit.).

 

4ª Feira, 10-VII: Vocação e missão dos leigos.

Os 10, 1-3. 7-8. 12 / Mt 10, 1-7

Semeai segundo a justiça e colhereis segundo a lei do amor; arroteai novas terras: já é tempo de procurar o Senhor.

Jesus chamou os doze discípulos, a quem entregou alguns poderes e enviou-os em missão (Ev.).

Também os leigos têm como vocação própria «procurar o reino de Deus, ocupando-se das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus» (CIC, 898). Compete-lhes «arrotear novas terras» (Leit.): «A iniciativa dos fiéis leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar, com as exigências da doutrina e da vida cristã, as realidades sociais, políticas e económicas» (CIC, 899).

 

5ª Feira, 11-VII: Manifestações do amor do Pai.

Os. 11, 1. 3-4. 8-9 / Mt 10, 7-15

Anda Israel estava na infância e já eu o amava, e a ele, meu filho, chamei-o para que saísse do Egipto.

«O amor de Deus para com Israel é comparado ao amor de um pai para com o seu filho (Leit.). Este amor é mais forte que o de uma mãe para com os seus filhos» (CIC, 219).

É esse amor que o leva a perdoar as ofensas dos filhos: «Mas porque Deus é santo, pode perdoar ao homem que se descobre pecador diante d’Ele: ‘Não deixarei arder a minha indignação…É que eu sou Deus, e não homem, o Santo que está no meio de vós’ (Leit.)» (CIC, 208). E que o leva também a ter compaixão com todos os indigentes: «curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios» (Ev.).

 

6ª Feira, 12-VII: Confiança nas promessas de Deus.

Os. 14, 2-10 / Mt 10, 16-23

Quando vos entregarem, não vos inquieteis com a maneira de falar… O Espírito do vosso Pai é que falará em vós.

Deus é fiel e nunca nos abandonará. Devemos, portanto, ter toda a confiança nas suas promessas: «Porque sem a fé não é possível agradar a Deus e chegar a partilhar a condição de filhos seus; ninguém jamais pode justificar-se sem ela e ninguém que ‘não persevere nela até ao fim’ (Ev.), poderá alcançar a vida eterna» (CIC, 161).

Se alguma vez falhamos, podemos sempre voltar de novo com arrependimento: «hei-de curar-lhes as feridas, amá-los-ei generosamente, pois a minha indignação vai desviar-se deles» (Leit).

 

Sábado, 13-VII: O abandono filial.

Is 6, 1-8 / Mt 10, 24-33

Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, portanto: valeis mais do que muitos passarinhos.

«Jesus reclama um abandono filial à Providência do Pai celeste, que cuida das mais pequenas necessidades dos seus filhos: ‘Não vos inquieteis, dizendo: que havemos de comer…’ (Ev.)» (CIC, 305).

Este abandono consegue-se especialmente através da oração, como foi o caso do profeta Isaías: «Eis-me aqui, Senhor, podeis enviar-me» (Leit.). «É no a ‘sós com Deus’ que os profetas vão haurir luz e força para a sua missão. A sua oração… é uma escuta da palavra de Deus, às vezes um debate ou uma queixa (Leit.) e sempre uma intercessão que espera e prepara a intervenção de Deus salvador, Senhor da história» (CIC, 2584).

 

 

 

 

 

 

Celebração e Homilia:          ARMANDO R. DIAS

Nota Exegética:                     GERALDO MORUJÃO

Homilias Feriais:                    NUNO ROMÃO

Sugestão Musical:                  DUARTE NUNO ROCHA

 

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